Newsletter ECD #136

A “nossa” Newsletter, junto com o “nosso” Podcast Áreas Contaminadas, cumpre um papel de dar poder pelo conhecimento, trazendo informações, conteúdos, textos, temas, dicas e notícias sobre Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC), e também notícias sobre meio ambiente, ambientalismo, saúde, filmes, livros, músicas, teorias para adiar o fim do mundo e outras coisas, sempre com comentários com o objetivo central de construir um mundo melhor para todas e todos.

Se alguém quiser compartilhar a nossa Newsletter, pode mandar o link para preenchimento do formulário de inscrição, que é esse: https://forms.gle/wJoFfUzv9vSkw19g7 .

Algumas das Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br).

E também, graças ao nosso amigo José Gustavo Macedo, nossa Newsletter está sendo publicada também no site do Sigesp – Sindicato dos Geólogos do Estado de São Paulo, o que é motivo de muita honra para nós!!!! Vejam lá a Newsletter #135 e algumas anteriores

https://sigesp.org.br/noticias/newsletter-ecd-135

     

Aproveito e recomendo aos Geólogos que se filiem ao sindicato, isso é muito importante para toda a sociedade.

 

Essa semana tivemos a honra de ter mais 1 nova inscrição aqui. Somos atualmente em 661. Seja bem-vinda, Raquel !!!!!!

 

Gostaria de relembrar que temos uma campanha no “Apoia.Se”, que é muito importante pra gente, pois ela ajuda a mantermos os nossos canais de divulgação científica gratuitos nessa Newsletter e lá no Podcast Áreas Contaminadas. A campanha, para quem quiser e puder contribuir está no site http://apoia.se/ecdambiental

É simples, você faz login na plataforma e escolhe como fazer esse pagamento, com boleto, cartão, etc. A transação é segura como qualquer compra online e mensalmente o Apoia.se faz essa cobrança; se for por boleto, a plataforma te envia os boletos mensalmente.

Essa semana tivemos a grandiosa honra de recebermos mais 2 novos apoios financeiros!!!! Sim, mais duas pessoas (somando-se às três da semana passada), que decidiram contribuir financeiramente conosco!!! Já contribuíam, lendo, ouvindo, comentando, sugerindo, mas agora também são apoiadores financeiros.

Então, agradeço ao Rafael Sousa e ao Marcos Akira Ueda. Em meu nome, em nome de toda a equipe ECD e em nome de toda a comunidade do GAC que nos acompanha aqui, agradeço demais a vocês!!!!! Vamos juntos!!!!

 

Agradeço aos apoiadores e às apoiadoras atuais, principais responsáveis pela manutenção dos nossos canais de divulgação. Sem a ajuda deles, dificilmente seria possível dedicar todo esse tempo à pesquisa, produção e o desenvolvimento do material gratuito do podcast e dessa Newsletter. Muito obrigado a vocês!!!

 

Ábila de Moraes, Alison Dourado, Allan Umberto, André Souza, Atila Pessoa, Beatriz Lukasak, Bruna Fiscuk, Bruno Balthazar, Bruno Bezerra, Bruno Bonetti, Cristina Maluf, Daiane Teixeira, Daniel Salomão, Diego Silva, Fabiano Rodrigues, Fernanda Nani, Filipe Ferreira, Geotecnysan, Gilberto Vilas Boas, Guilherme Corino, Heitor Gardenal, Heraldo Giacheti, Jefferson Tavares, João Paulo Dantas, João Lemes, Jonathan Tavares, José Gustavo Macedo, Joyce Cruz, Larissa Macedo, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Lilian Puerta, Luana Fernandes, Luciana Vaz, Luiz Ferreira, Marcos Akira Ueda, Marina Melo, Nádia Hoffman, Paulo Negrão, Pedro Astolfi, Rafael Godoy, Rafael Sousa, Renato Kumamoto, Roberto Costa, Rodrigo Alves, Silvio Almeida, Sueli Almeida, Tamara Quinteiro, Tatiana Sitolini, Tatianne Grilleni, Tiago Soares, Wagner Rodrigo, Willem Takiya, e mais 7 apoiadores anônimos.

 

Gostaria também de convidar vocês a ouvir os primeiros episódios do Screening de Notícias, nosso mini-podcast derivado do nosso Podcast Áreas Contaminadas, apresentado por Lillian Koreyasu Riyis. A ideia com o SdN é trazer as principais notícias do GAC, meio ambiente, economia, saúde e de outros assuntos relacionados, fazendo comentários da nossa visão sobre os fatos, da mesma forma que aqui na Newsletter, mas em formato “podcastal”. Espero que gostem. Temos 07 episódios no ar!!!!!

 

Episódio #141 do Podcast Áreas Contaminadas, o 6º da 4ª temporada, foi ao ar, na última quinta (09/02). Nele, conversei com Marcos Akira Ueda, Geólogo, Pós-Graduado em Gerenciamento de Áreas Contaminadas, atuando na Golder/WSP como “Environmental Scientist III”.

Ele conta sua trajetória muito interessante e recheada de batalhas, começando em Taboão da Serra, na Escola Estadual Domingos Mignoni, onde viu uma palestra sobre um tal de vestibulinho em Escolas Técnicas. Conheceu essas escolas (ETECs), fez o tal vestibulinho na ETEC mais “próxima” de sua casa, a Guaracy Silveira, em Pinheiros (a uma bela distância de Taboão...), e felizmente entrou. Além do Ensino Médio regular, foi atraído, por “eliminação” para o curso técnico em Meio Ambiente. E foi ali que veio sua paixão e vocação para trabalhar cuidando no nosso planeta. Foi ali também que foi atraído pelo GAC ao estudar a contaminação de água por interferentes endócrinos tão severa que estavam mudando o sexo de peixes.

Dali ele foi para a Geologia da USP, onde se tornou um “sedimentoboy”, por sua dedicação aos estudos de sedimentologia e ali entendeu algo fundamental no GAC: é preciso entendermos o ambiente deposicional para fazermos qualquer tentativa de investigação. De lá foi para o Colorado, pelo Ciências sem Fronteiras, onde também aprendeu muito e voltou para se dedicar a outro segmento extremamente relevante para o GAC, a Hidrogeologia. Nesse momento, ele conseguiu um estágio na WSP/Golder e passava seu dia nos trens de Taboão para a Vila Leopoldina, de lá para Jurubatuba e assim por diante.

Enfim, foram muitas batalhas individuais, familiares e coletivas que seu talento e as condições oferecidas o trouxeram até os dias de hoje, onde é um profissional reconhecido no mercado.

Ele ainda nos deu dicas valiosas de interpretação das amostras do meio físico e elaboração de modelo conceitual, da importância da investigação para a remediação e da importância de ter uma equipe coletando e interpretando em campo os dados dessa investigação.

Em resumo, ele mostrou uma visão técnica apurada e uma visão de mundo ainda mais apurada, falando de mercado, de carreira, de educação, de sociedade. Foi mais uma belíssima conversa. Recomendo que ouçam com atenção as palavras do “Japonês Voador”.

 

Episódio no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=E87RXxkBye8

Episódio no Spotify: https://open.spotify.com/episode/3znV9PHtzer2PzC5qsMlOe?si=MOGejVYRTTCRl0haTtbBpw

 

Nesse episódio, tentamos implementar algumas sugestões que recebemos, como reduzir o tempo de alguns episódios de entrevistas, em particular reduzir o tempo das nossas introduções. Então, a ideia vai ser deixar as reflexões mais aprofundadas aqui na Newsletter e eventualmente nos episódios do Screening de Notícias e fazer introduções curtas nos episódios do Podcast Áreas Contaminadas.

Um desses cortes será meu agradecimento nominal aos apoiadores e apoiadoras financeiras do Apoia.Se. Na verdade, eles não têm nenhuma vaidade, eles estão realmente felizes em poder nos ajudar. Então, não é nenhum descaso, eu continuo muito agradecido aos apoiadores, os agradecimentos pessoais continuarão a ser feitos e os agradecimentos públicos ficam aqui na Newsletter e na descrição dos episódios. Eles sabem que nos ajudam muito a construir essa Comum-unidade aqui, de pessoas verdadeiramente interessadas em compartilhar o que sabem, em crescer juntos, não querendo simplesmente vencer, mas Com-Vencer, ou seja, vencer com os outros.

Não temos seguidores, temos amigos, que caminham ao nosso lado nessa construção, nesse Com-Viver. É realmente um orgulho e uma honra estar nesse projeto com todas e todos vocês. Vamos juntos, todas e todos, por um mundo melhor!!!!

 

 

Em breve, teremos mais mudanças nos nossos canais!!!! Aguardem!!!!

 

Na próxima semana, teremos o Episódio #142 do Podcast Áreas Contaminadas. Nele, falarei com Lilian Puerta Machado Silveira. Foi uma conversa muito legal, onde falamos da vida dela, da carreira, de como conciliar maternidade e vida na consultoria e, na parte técnica, ela nos brindou com uma bela aula sobre Remediação por Eletrocinese. Não percam!!!!!

 

O Nosso Podcast Áreas Contaminadas tem o patrocínio Master da Clean Environment Brasil (www.clean.com.br ), e o Patrocínio Ouro do Laboratório Econsulting (http://econsulting.com.br/) e da Vapor Solutions (www.vaporsolutions.com.br)

  

Vamos agora às notícias da semana:

 

Recebi essa semana algumas contribuições muito legais de: Manoel Riyis Gomes, Fabiano Rodrigues (muitas vagas de emprego vieram dele), Mauro Tanaka, Lucas Venciguerra, Filipe Ferreira, Rafael Godoy, Bruno Bezerra, Luiz Ferreira, Leandro Freitas. Obrigado, pessoal!!! Fico orgulhoso de ter tanta gente boa contribuindo com nosso “espalhamento” aqui!!!  Quem identificar erros ou falhas, ou quem tiver dicas, críticas, sugestões para dar, por favor, me mande, para rechearmos esse espaço com as ideias de vocês.

 

- No episódio #138 do Podcast, falei sobre a revisão da Norma 15492. Retomei o assunto na Newsletter #133. Lá eu disse uma porção de coisas técnicas sobre as ideias que nortearam o trabalho do GT que elaborou a proposta da revisão, e dizia que havia poucas esperanças dessa norma ser aprovada por conta de alguns impasses. Bom, na última reunião pública e aberta a todos da ABNT, aparentemente apontou-se uma solução para o impasse: essa norma revisada conforme o GT sugeriu será chamada de 15492-Parte 1, e haverá outras partes no futuro, sendo a Parte 2 uma norma para ajudar a selecionar subamostras de solo dentro das amostras coletadas em subsuperfície e trazidas para a superfície (objeto da 15492-1) para serem enviadas a laboratórios para as análises químicas. Mas isso é um outra história. Aparentemente, houve uma mudança de entendimento das pessoas que impuseram o impasse na discussão e agora pode ser que haja um avanço na revisão da norma que foi aprovada lá em 2007. Em breve, cenas dos próximos capítulos. Trarei as informações principais para vocês aqui, mas convido todo mundo a participar das discussões nas plenárias. Haverá uma plenária especial importantíssima no dia 01/03 para discutir a norma 15515-3, de Investigação Detalhada.

 

- Recebi, nessa última semana, algumas vagas de emprego para divulgar: Clean (Comercial), Vsol (várias vagas), Vapor Solutions, Geointegra (Técnico), Projeto Sustentável (Analista). Soube também de várias outras vagas não anunciadas em muitas outras consultorias, se você é um profissional da área, recomendo que entre no site da AESAS e entre em contato diretamente com as empresas associadas (www.aesas.com.br). As vagas que recebo ou vejo, compartilho imediatamente no nosso Canal do Telegram (https://t.me/areascontaminadas)

 

- Anuncio que continuam abertas (só até essa semana!!!!) as inscrições para o processo seletivo da 10ª turma de Pós-Graduação em Remediação de Áreas Contaminadas no SENAC. As aulas vão se iniciar em março/2023. O curso tem duração de 1 ano, com aulas aos sábados, normalmente presenciais, e aulas online em um dia da semana (terça ou quinta). Mais informações e inscrições no site: https://www.sp.senac.br/centro-universitario-senac-santo-amaro/pos-graduacao/pos-em-remediacao-de-areas-contaminadas?inscricao=true

 

- Estão abertas as inscrições para o curso da parceria SENAC/AESAS exclusivo para profissionais de órgãos ambientais. É um curso de Introdução ao GAC, com 40 horas de duração, que tenho a grande honra de coordenar. Será um curso online, ao vivo, às terças e quintas, das 8:00-12:00. Se vocês se enquadram, façam a inscrição!!!! Se souberem de alguém que possa se interessar, indique o site da AESAS. www.aesas.com.br/eventos

 

- Uma das notícias mais impactantes que afeta o mundo do GAC surgida essa semana é essa, indicada por Bruno Bezerra e pelo Luiz Ferreira. A Prefeitura de São Paulo (PMSP) interditou, por tempo indeterminado o CEU Três Pontes, no Jardim Romano, Zona Leste de São Paulo. Essa interdição afetou 2 mil crianças. O pessoal percebeu em setembro/2022, que um pilar do CEU, que ficava na área destinada às crianças menores, estava ficando aquecido demais. A PMSP contratou uma empresa “de sondagem de solo”, segundo a reportagem, mas provavelmente é uma consultoria, que identificou, no subslab, etilbenzeno e metano “acima do permitido”. Mas os envolvidos “comemoram” porque não há “gases inflamáveis” na água subterrânea nem no ar ambiente, somente “abaixo da laje”, então as crianças “não tiveram contato com [o metano e o etilbenzeno]”. As aulas foram interditadas por 15 dias em setembro, e, após o “laudo final”, em 27/01/2023, as atividades foram suspensas. O próximo passo é a remediação por meio da “extração e filtragem controlada desses gases com uso de equipamentos específicos”, o nosso conhecido SVE. A reportagem prossegue dizendo que neste momento, está em fase de elaboração o projeto-piloto, para dimensionar o sistema que deverá ser instalado, que tem previsão de conclusão em 25 dias. A partir desse projeto, a Prefeitura diz que terá elementos para licitar remediação. Interessante que o CEU Três Pontes foi inaugurado em fevereiro de 2008, portanto, deve ter sido feito um estudo de Avaliação Preliminar e Confirmatória, que, se foi feito, não identificou risco, portanto, foi um estudo incompleto. Se não foi feito, alguém também cometeu um erro, pois deveria ter sido feito. Se hoje, 2023, tem metano e etilbenzeno no subslab, imaginem a massa que está lá e ninguém ainda viu... e imaginem como estava em 2008. Mas, infelizmente, ninguém notou, e as pessoas ficaram expostas por 15 anos... Por isso que eu insisto que nossa responsabilidade é enorme e não pode ser pautada pelo dinheiro que o cliente quer pagar, ou por fazer de qualquer jeito porque ninguém vai ver, ou fazer o que todo mundo faz. O complexo escolar tem 11.205 m² de área construída, em um terreno de 21.000 m² e conta com uma creche, uma escola de educação infantil e uma escola de ensino fundamental, além de prédio administrativo, refeitório, biblioteca, duas piscinas, quadras poliesportivas e um anfiteatro com 200 lugares. Segundo o site da Prefeitura, a capacidade máxima é de 1.631 alunos. Agora está interditado. Imaginem o custo financeiro e o custo social desse erro.

https://istoe.com.br/ceu-da-zona-leste-e-interditado-por-contaminacao-de-gas-metano/

https://www.terra.com.br/noticias/brasil/cidades/escola-da-zona-leste-de-sp-e-interditada-apos-identificar-contaminacao-por-gases-inflamaveis,6449b0bdc8c8476aae67de4941134eaf1y50mh6m.html

 

- No episódio #115 do Podcast, falamos sobre Jogos de Tabuleiro modernos com João Lemes e André Domicciano. O André tem uma empresa de jogos, ele aluga, faz eventos, treinamentos, etc, usando esses jogos de tabuleiro modernos. Ele fez uma postagem recente indicando alguns exemplares que tem uma temática ambiental. Bem interessante para quem gosta do tema. https://www.instagram.com/p/Coex5OEux9x/?igshid=OGQ2MjdiOTE%3D

 

- Imagem impressionante para um caso absurdo no Twitter de East Palestine, Ohio (EUA). Um trem descarrilou levando 50 vagões, dos quais 10 tinham cloreto de vinila. As autoridades, temendo pela enorme contaminação do solo, água subterrânea e ar ambiente que iria gerar decidiu “remediar”: botou fogo no cloreto de vinila, que, todos sabemos, é altamente inflamável. Formou-se uma gigantesca coluna de fumaça somente com gás cloro, COCl2, ácido clorídrico e outros gases da Norfolk Southern. O que acharam da intervenção? Seria melhor ter deixado o VC infiltrar no solo? Os moradores já podem voltar para as suas casas? https://twitter.com/blckndgldfn/status/1623154689280704512?t=FkzaE3p3nFUQ3h_p4NXLqQ&s=08

https://www.npr.org/2023/02/08/1155570564/east-palestine-ohio-train-derailment

 

- Outro caso impressionante na última semana foi o do porta-aviões afundado pela Marinha brasileira em 03/02. Ele foi afundado após grande impasse, porque, devido ao seu alto potencial poluidor, era impedido de entrar no Brasil e em outros países. A empresa turca Sök, adquiriu a embarcação num leilão em 2021 e começou a rebocá-lo do Rio de Janeiro para a Turquia em 04/08/22. Quando chegou no Estreito de Gibraltar, a autorização turca foi revogada por conta dos riscos ambientais. Assim, o navio foi trazido de volta ao Brasil e tentou entrar no Porto de Suape, mas o governo do estado vetou o recebimento do antigo porta-aviões. A Sök disse que abandonaria o navio no mar, obrigando a Marinha brasileira a assumir o controle da embarcação, que ficou sendo rebocado pelo litoral Nordeste brasileiro entre 5/10/22 e 20/01/23. Aí, após autorização judicial, a Marinha executou três buracos no casco da embarcação, que fizeram com que o navio se enchesse de água e afundasse. O IBAMA apontou diversos riscos ambientais, físicos, para o leito do Oceano, e químico, indo desde a poluição das águas até a liberação de CFC. De acordo com o Ibama, o navio não transportava carga tóxica, mas os materiais perigosos fazem parte "indissociável" de sua estrutura. São 9,6 toneladas de amianto, principal problema ambiental que fez com que fosse proibido o desembarque na Turquia e no Brasil, além de 644 toneladas de tintas e outros materiais potencialmente contaminantes (incluindo PCBs). Imaginem investigar uma área que tenha enterrado 644 toneladas de resíduos perigosos... Segundo a Marinha, esse local foi escolhido por cinco motivos: Localização dentro da área da Zona Econômica Exclusiva do Brasil; Localização fora de Áreas de Proteção Ambiental; Área livre de interferências com cabos submarinos documentados; Área sem interferência de projetos de obras sobre águas (ex: parques eólicos); Área com profundidades maiores que 3 mil metros. Como possível solução para problemas futuros, a França tem uma política de reciclagem de navios, cobrando impostos para cada navio vendido para financiar essa reciclagem. Em quatro anos, sete mil embarcações já foram desmontadas e recicladas, em 30 centros de tratamento e operações espalhados pelo país. O navio afundado tinha sido fabricado na França e tinha 266 metros. Já o Reino Unido e Alemanha enviam seus navios para desmonte (inclusive os militares) para a Turquia. Imaginem fazer uma Avaliação Preliminar no lugar onde desmontam os navios!!! Tema e links indicados por Leandro Freitas e Lucas Venciguerra.

https://www.uol.com.br/nossa/colunas/historias-do-mar/2023/02/04/a-quem-fez-bem-o-naufragio-do-porta-avioes-brasileiro.htm

https://shipbreakingplatform.org/brazilian-navy-illegally-sinks-toxic-ship/

https://g1.globo.com/pe/pernambuco/noticia/2023/02/03/marinha-afunda-o-porta-avioes-desativado-sao-paulo-apos-meses-de-impasse.ghtml

https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/rfi/2023/02/09/franca-e-referencia-em-desconstrucao-de-navios-mas-silenciou-sobre-afundamento-de-porta-avioes-pelo-brasil.htm

 

- Uma reportagem interessante, que fala um pouco sobre o mercúrio e seus riscos à saúde e meio ambiente. Escrita em “linguagem leiga”, é interessante para quem não trabalha no dia a dia com mercúrio entender um pouco os riscos, as fontes, as partições, o transporte e outras características, para melhorar as investigações e remediações de áreas com mercúrio. Por conta da tragédia com os yanomamis, é um assunto que está em alta. Hoje, todo mercúrio que é usado em mineração é irregular. Não existe fonte legal para mercúrio, nenhuma empresa tem permissão para importar mercúrio para venda no varejo, assim como nenhuma recicladora é autorizada. Mesmo assim, há muito mercúrio sendo usado nos garimpos. Enquanto operações em garimpos normalmente apreendem entre cinco e dez quilos de mercúrio, a ação mais recente do IBAMA em parceria com a Polícia Federal confiscou 200 kg e inutilizou a autorização para o uso de outras sete toneladas de mercúrio. Somada a uma operação de 2018, que apreendeu outros 340 kg de mercúrio e suspendeu a licença de importação de uma empresa que controlava quase todo o mercado, a circulação regular de mercúrio para garimpo no Brasil ficou totalmente paralisada. Mas por que o garimpo de ouro usa mercúrio? Para encontrar o ouro é preciso escavar o solo ou sugar o sedimento do fundo dos rios, o que é feito com balsas. Essa lama é misturada ao mercúrio metálico, que forma uma amálgama com o ouro. Em seguida, essa amálgama é queimada. Como o mercúrio é volátil, quando é queimado ele vira um gás e sobra só o ouro. Tanto o mercúrio que vai para o solo quanto o que vai para a atmosfera podem, em algum momento, acabar caindo nos rios. Esse é o maior foco de preocupação, porque é em ambientes aquáticos que o mercúrio assume uma das suas formas mais tóxicas.

Por meio da ação de microrganismos, o mercúrio inorgânico do garimpo vai ser associado a carbono e se transformar em metilmercúrio. "Uma vez transformado em metilmercúrio, ele vai ser acumulado ao longo da cadeia alimentar". os animais pequenos, que têm concentrações menores do metilmercúrio, são comidos pelos maiores, fazem com que esses peixes carnívoros, acumulem esses contaminantes. E no final da cadeia temos o ser humano, que consome os peixes, preferencialmente os peixes carnívoros, que são mais saborosos, e que contêm mais mercúrio. O metilmercúrio pode atacar o sistema nervoso central e periférico, causar problemas no trato digestivo, com redução da absorção de nutrientes, e prejudicar o sistema imune. O vapor de mercúrio (metálico, que é a forma volátil) que vai para a atmosfera depois da queima pode virar um problema de longo alcance. Na forma gasosa, esse metal é muito pouco solúvel em água e não reage com quase nada. Assim, não vai ser removido pela chuva e vai ficar na atmosfera por muito tempo. Pelo ar, pode ser transportado a longas distâncias, e o tempo que o mercúrio pode permanecer na atmosfera varia de cinco meses a um ano. Consequentemente, ele vai contaminar outros ambientes, outros lugares diferentes daquele onde ele é emitido se tornando uma “fonte secundária” importante. No âmbito do GAC, temos que estudar o mercúrio metálico no solo, água e, especialmente, no ar, e o metilmercúrio no solo e, especialmente, na água. Desafiador!!!! No Episódio #129 do Podcast, eu falo sobre o Caso Potosí, provavelmente a maior contaminação por mercúrio da história, mostrando que o problema vem de muito longe. https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2023/02/mercurio-utilizado-no-garimpo-causa-risco-ambiental-para-solo-agua-e-ar.shtml

 

- Sergio Ogihara, no LinkedIn, chama a atenção para um importante processo judicial que pode mudar a forma com que o grande capital atua nas questões ambientais. A ONG ClientEarth está processando, no Reino Unido, o Conselho de Administração da Shell por negligência ambiental. A ação, que recebeu o apoio público de um grupo de investidores institucionais, é a primeira a responsabilizar conselheiros individualmente por essa razão. Ao não apresentar metas tangíveis de descarbonização, o conselho de administração da petroleira estaria deixando de preparar a empresa para a transição energética e colocando seu valor de longo prazo em risco, não cumprindo obrigações perante a lei britânica, diz a ação. A Shell anunciou lucro recorde de US$ 40 bilhões no ano passado, o que certamente deixou os acionistas contentes, mas, por outro lado, indica que há muito espaço para ações de combate às mudanças climáticas. https://www.capitalreset.com/conselho-da-shell-e-alvo-de-acao-por-negligencia-climatica/

 

- Bruno Bezerra nos indicou outro caso absurdo: A Prefeitura do Rio de Janeiro iniciou a execução de uma obra na praia da Barra da Tijuca que instala um material de concreto sob a areia. Eles começaram a fazer a obra sem estudo de impacto ambiental (EIA)!!!!!! O MPF questiona a ausência de estudo de impacto ambiental para a realização da obra. O procurador do MPRJ afirma que as praias são áreas de preservação permanente, motivo pelo qual exigem relatório detalhado dos possíveis impactos. Os documentos enviados pela prefeitura indicam que houve apenas a emissão de uma licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que afirma apenas que os executores da obra precisam garantir o “replantio da vegetação de restinga que será retirada para a intervenção”. Parecer técnico assinado por 26 professores e especialistas na área aponta que os colchões de concreto podem agravar os danos provocados pelas ressacas. O principal problema seria a redução na infiltração da água do mar na areia, ampliando o impacto das ondas e a redução da orla. O “Responsável Técnico” pela obra afirma uma porção de coisas (leiam a reportagem completa, é muito esclarecedora e faz a gente pensar em muita coisa que acontece em todos os lugares, inclusive no GAC), entre elas que não fez os estudos de licenciamento ambiental por conta do tempo. Ele fala o seguinte: "Você quer fazer? Vai demorar mais um ano com todos os estudos de como tem que ser feito. E aí pode continuar a destruição [da praia pela ressaca]. Quando terminar o licenciamento ambiental, nós vamos ter que fazer outra porque o rombo foi maior ainda. Se for observar toda a cartilha, fica inexequível." Pois é... quantas vezes vocês já ouviram essa frase, que o seu interlocutor diz que não dá para fazer tudo certinho porque “fica inexequível”? https://br.noticias.yahoo.com/rio-p%C3%B5e-concreto-no-fundo-125200920.html   

 

- Notícia muito interessante: a cidade de Uberaba-MG está em uma formação geológica com muito calcário, o que faz com que seja comum encontrar fósseis nas rochas do local. Porém, em uma obra para construção de casas populares, foram encontrados 238 fósseis datados de milhões de anos!!!! A reportagem fala também de muitos outros casos ocorridos ali na cidade, inclusive o de um fóssil de um Megaraptor de 8 metros de comprimento. Mas o caso mais curioso é do já falecido e muito famoso paleontólogo brasileiro Llewellyn Ivor Price, que, em 1947 viu uns moradores jogando bocha com uma bola um pouco diferente e irregular. Quando ele viu, era um ovo de dinossauro (titanossauro) fossilizado de dezenas de milhões de anos. https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2023/02/06/cidade-dos-dinossauros-uberaba-ja-revelou-283-fosseis-em-uma-unica-obra.htm

 

- Uma notícia que impactou muito nessa semana foi a da decretação da falência da Livraria Cultura. Particularmente para quem gosta de ler, e para quem frequentou a Cultura na primeira década do Século XXI, como eu, é ainda mais impactante. Aí, muito se falou e debateu sobre modelo de negócios, livro físico x virtual, pirataria, monopólio, grandes varejistas, falta do hábito de leitura, etc. Mas pouco se falou sobre os problemas de gestão, especificamente dos donos. A família Hertz, fundadora, é tida como visionária por um lado (um dos filhos foi CEO do ano certa vez) e fomentadora da cultura por outro. Mas devemos lembrar que a Livraria Cultura é uma corporação, uma grande empresa, cujo objetivo essencial é o lucro, como sempre. Por mais propósito que ela pudesse ter lá no início, no final se resume a qual o resultado financeiro para os acionistas ou para os donos. É bom diferenciar, por exemplo, o trabalho do Ferréz, no Capão ou da Biblioteca Popular do Laranjeiras, aqui em Sorocaba, de uma mega corporação como a Livraria Cultura para o estímulo à leitura e à educação da população. Outra questão pouco debatida é a péssima relação dos donos com os seus trabalhadores, onde muitas vezes os donos deixaram evidente a sua posição como classe social, em disputas até político-eleitorais e de narrativas. Esses fatores se impuseram com mais gravidade após a “rodada de investimentos” de um grande banco que se tornou sócio da Livraria Cultura. Aí, quem já assistiu ao Shark Tank consegue perceber como as coisas funcionam. O investidor quer saber quanto o negócio dá de lucro e em quanto tempo ele vai ter o retorno do “investimento” dele. Mais ainda, qual o risco, comparado com esse investidor deixar o dinheiro no banco, sem risco nenhum rendendo 13,75% ao ano (taxa Selic, fixada pelo Banco Central “independente”). O investimento precisa dar muito mais que 13,75% de lucro ao ano para que “valha a pena” investir em qualquer negócio. Imaginem vocês quanto tem que ter de lucro!!!! E, para ter lucro, é preciso achatar os custos (salário, segurança de barragens, produção mais limpa, remediação de sua área contaminada...) e maximizar o retorno, muitas vezes com “contabilidade criativa” utilizada pelas Americanas. Resumindo aqui o meu ponto: essa falência é triste pelo símbolo, mas não é um caso isolado, ela é o retrato do capitalismo. Agora, os credores provavelmente ficarão sem receber, muitos da cadeia produtiva (editoras, livreiros, gráficas) vão quebrar, como vão quebrar os fornecedores da cadeia produtiva das Americanas, e os donos, milionários/bilionários, continuarão milionários/bilionários. Só mais um dia no mundo do capitalismo sem riscos... Mas, para que vocês não pensem que estou exagerando, leiam esse relato impressionante do assédio moral a que eram submetidos os trabalhadores da Livraria Cultura. https://passapalavra.info/2019/04/126181/

 

- Ainda nesse assunto, uma notícia trágica indicada por Mauro Tanaka: Marcel Telles, sócio da 3G capital, bilionário dono das Americanas, recomenda seu livro de cabeceira que “ensina” melhorar seu balanço. O livro se chama “Dobre Seus Lucros” de Bob Fifer. A notícia traz um trecho do livro, onde o autor recomenda explicitamente para atrasar os pagamentos. Ele alega que o fornecedor preferirá esperar para receber ou renegociar a perde-lo definitivamente como cliente. Ele continua: “passe a pagar suas contas em 45 dias, depois em 60, depois 90, 120. Não pague antes que o fornecedor pergunte pelo menos duas vezes pelo pagamento”. Achou um absurdo? Eu também. Esse é o livro de cabeceira de um dos donos das Americanas, e certamente de muitos outros CEOs admirados por aí. Vocês já ouviram alguma empresa agir assim? Eu, infelizmente, passei na pele por isso muitas vezes, antes de sermos obrigados a ter um modo de cobrança diferenciado, por não estarmos nesse mesmo jogo. Infelizmente tivemos que ouvir certa vez de uma consultoria que a gente “tinha que entender o lado do cliente (indústria com 100 Milhões de faturamento)”. Ouvi também que se não aceitássemos, estaríamos “fora do mercado”. Infelizmente essa pessoa estava certa na análise, embora errada na visão de mundo. E lembro com tristeza de outra oportunidade em que fomos descredenciados de uma consultoria porque cobramos o cliente dela que estava atrasado no pagamento. Eu fiquei sabendo muitos anos depois do ocorrido que havia uma ordem explícita para não nos chamar lá na consultoria por conta disso, o que é realmente triste. Vendo essa notícia agora, eu começo a entender como eram e como são os movimentos desse jogo corporativo de balanços, pagamentos, bajulação do cliente, caixa, lucros, acumulação, enfim, a essência do capitalismo. Vejam a postagem. Mas recomendo que não leiam o referido livro para não terem dor de estômago como eu tive.    https://twitter.com/LuizPersechini/status/1618279528178253825?t=NGGHREUkhJk_nOzKWVJeEQ&s=08

 

- Muito interessante, Tomas Pueyo traz algumas curiosidades científicas sobre o Rio Amazonas. Dentre elas, que a foz do Rio faz com que uma faixa do Oceano Atlântico fique com água doce por mais de 100 Km. Outra é que a areia do Saara trazida pelos ventos supre cerca de metade dos nutrientes perdidos pela floresta amazônica pelo escoamento superficial. Leiam essas e outras curiosidades muito legais no link:   https://twitter.com/tomaspueyo/status/1621927288613883904?t=-y9-5R-Fbk5qjqBDjE3nkw&s=08

 

- Falando em curiosidades, tenho trazido aqui há algumas semanas notícias e informações sobre o ChatGPT. Essa semana conseguir fazer alguns testes. Um deles me chamou a atenção, porque a argumentação dele é melhor que a de muitos especialistas na nossa área. Não que ele esteja sempre certo, muito ao contrário, mas é interessante ver o senso comum escrevendo “com convicção” e esse senso comum fazer mais sentido que a prática. Minha pergunta para ele foi: “Em alguma situação é aceitável deixar uma contaminação remanescente no meio sem monitoramento?”. Ele, então, respondeu: “Deixar uma contaminação remanescente no meio sem monitoramento é inaceitável em quase todas as situações, pois representa um risco potencial para a saúde humana e o meio ambiente. É importante implementar medidas de monitoramento para garantir que a concentração de contaminantes não aumente ao longo do tempo e que sejam tomadas medidas adequadas caso haja algum tipo de mudança nas condições ambientais ou na sensibilidade da população exposta. Em geral, a gestão de áreas contaminadas deve ser orientada pelo princípio da precaução, ou seja, deve-se considerar que a contaminação pode ter impactos negativos no futuro e tomar medidas para minimizá-los. Deixar uma contaminação remanescente sem monitoramento seria uma violação desse princípio.” E aí, o que acharam?

 

- Gostaria de indicar para vocês um portal de notícias com foco em reportagens ambientalistas. De acordo com o editorial, eles estão “Direto do Centro do Mundo”, que para eles é a Amazônia. O portal chama “Sumaúma”, que, todos devem saber, é aquela árvore gigante típica da região. Como curiosidade, é nas raízes da sumaúma que o Curupira bate para assustar os caçadores, de acordo com a lenda. O portal é coordenado pela famosa jornalista Eliane Brum, já citada aqui muitas vezes. Eles têm o site, Newsletter, e outras mídias. Confiram. https://sumauma.com/

 

- Para finalizar, uma vídeo-reportagem muito interessante. Uma “bomba-carneiro” que funciona sem eletricidade. Ela funciona com base na diferença de pressão ar/água, fluidos compressíveis e incompressíveis, válvulas de retenção e válvulas de sucção. Ela precisa de um desnível entre a fonte de água (um açude, um córrego) e sua primeira válvula, que deve ficar cerca de 1,5m-2,0m abaixo do nível da fonte, a partir daí, as diferenças de pressões jogam essa água para alturas manométricas de 5-8 metros acima do nível original, mesmo distantes (40-80 metros). A ideia é a mesma daquelas “Wap caseiras”, feitas com garrafa PET. Conceitualmente muito legal, excelente para ensinar Jovens Engenheiros e Engenheiras de Remediação. https://www.youtube.com/watch?v=v-Epd8A-eo0

 

  

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Por hoje é isso. Aguardo os comentários, sugestões e críticas. Se tiverem dúvida, estou à disposição.

 

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Marcos Tanaka Riyis

 

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