A “nossa” Newsletter, junto com o “nosso” Podcast Áreas Contaminadas, cumpre um papel de dar poder pelo conhecimento, trazendo informações, conteúdos, textos, temas, dicas e notícias sobre Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC), e também notícias sobre meio ambiente, saúde, filmes, livros, músicas e teorias para adiar o fim da humanidade, sempre com comentários com o objetivo central de construir um mundo melhor para todas e todos.
Se alguém quiser compartilhar a nossa Newsletter, pode mandar o link para preenchimento do formulário de inscrição, que é esse: https://forms.gle/
Algumas das Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br).
E também, graças ao nosso amigo José Gustavo Macedo, nossa Newsletter está sendo publicada também no site do Sigesp – Sindicato dos Geólogos do Estado de São Paulo, o que é motivo de muita honra para nós!!!! Vejam lá a Newsletter #147 e algumas anteriores
https://sigesp.org.br/
Essa semana tivemos a honra de receber mais 9 novas inscrições aqui na Newsletter da ECD. Somos atualmente em 728!!!! Sejam bem-vindas e bem-vindos: Douglas, Rose, Carolina, Rodrigo, Tiago, Bruna, Leonardo, Luana e Angélica!!!!!
Gostaria de relembrar que temos uma campanha no “Apoia.Se”, que é muito importante pra gente, pois ela nos ajuda a manter gratuitos os nossos canais de divulgação científica nessa Newsletter e no Podcast Áreas Contaminadas. A campanha, para quem quiser e puder contribuir voluntariamente conosco está no site http://apoia.se/ecdambiental
É simples e rápido, você faz um login na plataforma e escolhe como fazer esse pagamento, com boleto, cartão, etc. Mensalmente o Apoia.se faz essa cobrança; se for por boleto, a plataforma te envia os boletos mensalmente.
Aproveitando, agradeço aos apoiadores e às apoiadoras atuais, principais responsáveis pela manutenção dos nossos canais de divulgação gratuitos. Sem a ajuda deles, dificilmente seria possível dedicar todo esse tempo à pesquisa, produção e o desenvolvimento do material gratuito do podcast e dessa Newsletter. Muito obrigado a vocês!!!
Ábila de Moraes, Alison Dourado, Allan Umberto, André Souza, Atila Pessoa, Barbara Grossi, Beatriz Lukasak, Bruna Fiscuk, Bruno Balthazar, Bruno Bezerra, Bruno Bonetti, Cristina Maluf, Daiane Teixeira, Daniel Salomão, Diego Silva, Fabiano Rodrigues, Fernanda Nani, Filipe Ferreira, Geotecnysan, Gilberto Vilas Boas, Guilherme Corino, Heitor Gardenal, Heraldo Giacheti, Hermano Fernandes, Igeologico, Jefferson Tavares, João Paulo Dantas, João Lemes, Jonathan Tavares, José Gustavo Macedo, Joyce Cruz, Larissa Macedo, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Lilian Puerta, Luana Fernandes, Luciana Vaz, Luiz Ferreira, Marcos Akira Ueda, Marina Melo, Nádia Hoffman, Paulo Negrão, Pedro Astolfi, Rafael Godoy, Rafael Sousa, Renato Kumamoto, Rodrigo Alves, Rodrigo Gaudie-Ley, Silvio Almeida, Sueli Almeida, Tamara Quinteiro, Tatiana Sitolini, Tatianne Grilleni, Tiago Soares, Wagner Rodrigo, Willem Takiya, e mais 7 apoiadores anônimos.
Nessa semana, dia 24/08, foi ao ar o Episódio #164 do Podcast Áreas Contaminadas. Nele, mostrei uma conversa muito legal com Ricardo Xavier Barbeta, o famoso Barbeta, um cara muito gente boa e conhecidíssimo no nosso mercado. Barbeta hoje é Gerente de Vendas do Vsol Group, com atuação comercial estreita também na Vapor Solutions e da Econsulting. Se hoje ele é tremendamente reconhecido no nosso mercado, não foi sempre assim. Ele contou a sua jornada, iniciada em São José do Rio Pardo-SP, com um sonho de “vencer em São Paulo”. Com muita dificuldade, muito esforço e muito apoio da sua família, ele caiu de paraquedas, ou melhor, de metrô na República, de mala e cuia, para cursar Ciência da Computação e trabalhar com telemarketing para financiar a graduação. Como todo mundo pode imaginar, aquele curso não era a sua praia, mas, curiosamente, ele gostava de ajudar as pessoas no telemarketing e se dava bem nisso, prenúncio de sua brilhante carreira na área comercial. Mudou para administração de empresas e foi procurar um estágio, contrariando sua família, que achava que poderia ser “um passo atrás”. No processo seletivo, mesmo aprovado em outra empresa, ele topou entrar em “uma tal de Analytical Technology”, laboratório de análises químicas ambientais, sem saber do que se tratava. Passou um bom tempo naquela confusão da recepção de amostras, onde desenvolveu mais ainda seu lado humano de “resolvedor de problemas do cliente”, passando frio na câmara fria, mudou internamente para outros setores, até finalmente ir para a área comercial, onde começou a ser o profissional que hoje todo mundo conhece e reconhece. Além da sua trajetória, Barbeta conta também sobre como funciona o setor comercial de um laboratório, as diferenças dos processos internos de um laboratório nacional e um multinacional, como se dá a excelência no atendimento, a briga por preços, as metas, e como um laboratório pode se diferenciar. Mais ainda, ele conta como um profissional pode se diferenciar. Em resumo, uma conversa muito legal onde podemos conhecer um pouco mais dessa grande figura e agradecer pelo acaso tê-lo colocado no caminho do GAC. Ouçam, que o episódio está demais!!!!!
Episódio no YouTube: https://www.youtube.com/watch?
Episódio no Spotify: https://open.spotify.com/
Nessa próxima semana, irá ao ar outro episódio do Podcast Áreas Contaminadas. Será o Episódio #02 da Série Especial GAC em Áreas com Hidrocarbonetos, uma espécie de spin-off do Podcast Áreas Contaminadas. Será um episódio um pouco mais curto, técnico e direto ao ponto. Nossa ideia com esses episódios técnicos é trazer os grandes temas que são discutidos no SENAC, nos cursos da AESAS/SENAC, nas Universidades, da ABNT, em outros fóruns de discussão para o “grande público”, especialmente para quem trabalha no GAC no dia a dia e que participa pouco dessas discussões.
Especificamente sobre a Série Especial, ela tem o objetivo principal de falar sobre o Gerenciamento de Áreas Contaminadas em áreas com hidrocarbonetos de petróleo. Como eu falei aqui anteriormente, já falamos muita coisa nos nossos episódios técnicos sobre investigação de LNAPL, basicamente centrados na ideia do que não deve ser feito nessa situação, que é instalar um “Poção”, aquele poço com 3 metros de seção filtrante e não afogado. Mas achamos aqui, nos estúdios ECD, que chegou a hora da gente consolidar melhor essas ideias e deixar tudo em um só lugar, aí veio a sugestão de fazermos uma série de episódios focada no gerenciamento de áreas com Hidrocarbonetos.
Um objetivo mais específico para a criação dessa série foi quando percebemos que muito trabalho já foi feito nos postos de combustíveis, mas boa parte desses trabalhos, com o olhar de hoje, não foi feito da melhor forma, mesmo com muitos casos encerrados. Percebi também que conceitos que parecem “básicos” para quem está nos cursos ou lê os papers, ou ainda ouve nossos podcasts, como: fonte, pluma, LNAPL trapeado, fase residual, saturação, molhabilidade, não estão totalmente incorporados no repertório dos profissionais do GAC. Por conta disso, boa parte do mercado acaba fazendo a velha “receita de bolo” anticientífica: instalar poções, ver se junta fase livre nesses poções, se juntar “fase livre”, precisa colocar um MPE, se não juntar, é “só” monitorar e delimitar a fase dissolvida, restringir o consumo de água e vamo-que-vamo, sem realmente avaliar o problema, muito menos os reais riscos daquela área.
Em resumo, tem muita coisa feita em áreas com hidrocarbonetos que precisará, em algum momento, ser reavaliada, corrigida, e até refeita. E acho que esse é um bom momento para a série e para refletirmos sobre isso, porque esse assunto está sendo muito discutido pelo Brasil afora, não só em SP, mas em muitos estados do país. Então, creio que podemos e devemos dar a nossa contribuição para o que entendemos ser a melhor abordagem para o gerenciamento de áreas de hidrocarbonetos. Então, nessa série, pretendemos juntar os conceitos técnicos, científicos, acadêmicos, mais recentes, como recuperabilidade do LNAPL, NSZD, intrusão de vapores de combustíveis, frações de TPH, variabilidade da eficácia da remoção do LNAPL de acordo com ciclos hidrológicos, investigação com uso de luz UV, e muitas outras coisas ainda não estão sendo usados em larga escala no mercado, com a prática do dia a dia do GAC brasileiro.
Nesse segundo episódio da série, pretendo falar para vocês como o hidrocarboneto efetivamente contamina o meio, solo e água subterrânea. Quais são os processos que ocorrem durante a contaminação, tentando olhar mais para o nível micro, para os poros do solo, para ajudar todo mundo a entender porque devemos mudar o entendimento, as abordagens, e até as metodologias de gerenciamento, investigação e remediação de áreas com hidrocarbonetos. Espero que vocês gostem!!!!
O Nosso Podcast Áreas Contaminadas tem o patrocínio Master da Clean Environment Brasil (www.clean.com.br ), e o Patrocínio Ouro do Laboratório Econsulting (http://econsulting.com.br/) e da Vapor Solutions (www.vaporsolutions.com.br)
Hoje vou pedir licença a vocês para fazer um texto mais pessoal. Gostaria de homenagear a minha querida avó Yayá que, se estivesse viva, faria 100 anos no dia 25/08/2023.
Uma grande mulher, do alto de seu 1,48 m, que me ensinou muito. Fazer o que é certo, pensar nas outras pessoas, entender a natureza das coisas, trabalhar duro, valorizar muito a educação, os estudos, foram alguns desses ensinamentos. Ela nasceu em uma família de colonos imigrantes espanhóis em 1923 e trabalhou na roça por um bom período, em outros tempos, de muita dificuldade, inclusive com tentativa de escravização por dívida e outros abusos, que ela e sua família sempre combateram, unindo o famoso sangue quente espanhol com a lendária consciência de classe dos que lutaram na Guerra Civil contra a opressão. Essa mistura fez com que ela e sua família (pai, mãe, 6 irmãs e 1 irmão) passassem muitos apuros na vida, como todo mundo pode imaginar. Com 19 anos ela já estava em São Paulo, casada e com um filho (meu pai), com 24 teve a 2ª filha (minha tia) e aos 30, tornou-se viúva e precisou, novamente, se reinventar, mudando de volta para a casa do seu pai (meu bisavô), criando os dois filhos e ajudando no sustento dessa nova casa costurando, atividade que ela era espetacularmente boa e gostava muito de fazer, sempre exigindo muito de seus filhos, especialmente: respeito ao próximo, não baixar a cabeça, lutar contra as injustiças e se dedicar muito aos estudos. Ela que só tinha estudado até a antiga 1ª série primária (2º ano do fundamental), sabia ler, escrever e fazer contas básicas. Mesmo com pouca formação acadêmica, ela era muito inteligente, perspicaz e conhecedora de muita sabedoria da vida.
Por conta dessa dedicação, meu pai e minha tia puderam se formar na faculdade (coisa impensável para a geração deles) e melhorar as condições de vida de toda a família, inclusive a minha. Morei com ela durante 2 anos, quando fui para São Paulo fazer minha 1ª graduação, fui super bem recebido e paparicado, mas ela sempre era rígida com meus estudos, mesmo eu sendo o “netinho”. Das muitas coisas que lembro dela, uma das mais interessantes é sua prodigiosa memória para os ditados espanhóis, que até hoje usamos na nossa família para descrever situações cotidianas, também para perpetuar a memória. Lembro também da dedicação dela ao preparar aquelas enormes ceias e almoços de Natal, onde ia a família dela inteira, as muitas irmãs, sobrinhos, filhos, netos, sobrinhos-netos, todos se amontoando na casa dela, no Jardim São Paulo, zona norte de São Paulo. Interessante ver como o mundo mudou, olhando pela perspectiva da vida dela. Felizmente ela teve o prazer de ver os filhos e netos formados, os netos casados, e de pegar no colo o seu bisneto (meu filho), que eternizamos em uma foto que gosto muito e, lembrando novamente dela no momento que escrevo, me emociono.
Onde ela estiver, certamente está olhando por nós e dando conselhos, um deles é para eu continuar a fazer esse trabalho de “esperançar” o mundo, junto com vocês. Parafraseando um de seus ditados preferidos: No vivir por haber vivido, nada perdido. E ela, com certeza viveu bem. Então, parabéns, Yayá. Estaremos sempre aqui com você!
Vamos agora às notícias da semana:
Recebi essa semana algumas contribuições muito legais de: Manoel Riyis Gomes, Lucas Venciguerra, Alison Dourado, Daniele Di Giorgio. Obrigado, pessoal!!! Fico orgulhoso de ter tanta gente boa contribuindo com nosso “espalhamento” aqui!!! Quem identificar erros ou falhas, ou quem tiver dicas, críticas, sugestões para dar, por favor, me mande, para rechearmos esse espaço com as ideias de vocês.
- Recebi, nessa última semana, algumas vagas de emprego para divulgar: Arcadis-Rio (Coordenador) e Geointegra (Coordenador de Gestão de Projetos), LZ Ambiental (Analista em Porto Alegre-RS). Soube também de várias outras vagas não anunciadas em muitas outras consultorias, se você é um profissional da área, recomendo que entre no site da AESAS e entre em contato diretamente com as empresas associadas (www.aesas.com.br). As vagas que recebo ou vejo, compartilho imediatamente no nosso Canal do Telegram (https://t.me/
- Foram lançados dois cursos da parceria AESAS/SENAC. São cursos online, ao vivo, em duas manhãs por semana, das 8:00-12:00. Um deles é o de Avaliação Preliminar, com início em setembro, com 32 horas de duração, às segundas e quartas. As aulas serão com Rodrigo Cunha, Erika von Zuben e Cristina Maluf, três dos maiores especialistas em Avaliação Preliminar do Brasil, as inscrições vão somente até essa semana. Quem tiver interesse, corra!!!! Outro é o de Investigação de Alta Resolução, com início em outubro, às terças e quintas. Fora esse, há um exclusivo para pessoas que trabalham em órgãos ambientais, sobre Avaliação de Risco à Saúde Humana, com início em setembro, às terças e quintas. Quem tiver interesse, maiores informações podem ser obtidas no site da AESAS em www.aesas.com.br/eventos
- Daniele Di Giorgio, grande amigo e geólogo ítalo-brasileiro que atua no sul do Brasil, me indicou um material muito interessante, a partir de uma escuta muito atenta que ele fez dos nossos episódios e do material que ele indicou. O material é um vídeo treinamento do SERDP-ESTCP sobre Investigação de Alta Resolução em Áreas com Solventes Clorados. Em inglês, High-Resolution Site Characterization at Chlorinated Solvents Sites. O treinamento foi conduzido por duas lendas da investigação: Murray Einarson e Andrew Jackson. É um belíssimo treinamento, recomendo fortemente que vocês assistam. Ele é mais indicado para quem já tem uma certa familiaridade com a investigação de alta resolução, pois eles propõem alguns avanços na HRSC “tradicional”, usando MIP e HPT. Murray fala do DYE-LIF para a detecção do DNAPL móvel e mostra algumas limitações do MIP muito interessantes, que recomendo que vocês vejam. Dr Jackson também aponta limitações da dupla MIP/HPT e recomenda o uso do high-resolution passive profiler (HRPP), um amostrador passivo de água, muito interessante. Aqui, no nosso Brasilzão, recomendo fortemente que vocês não deixem de lado uma criteriosa amostragem de solo, com avaliação minuciosa em campo, incluindo Shake Test e varredura com aquecimento e envio de muitas amostras para o laboratório, corretamente acondicionadas, acompanhada de avaliação detalhada das heterogeneidades hidroestratigráficas em campo e no laboratório (granulometria, entre outras). Inclusive o estudo de caso apresentado diz que o DYE-LIF é bom porque mostra uma correlação muito boa entre esse equipamento e as amostras de solo avaliadas com PID e com shake test. Ou seja, onde as amostras de solo disseram que tem, o DYE-LIF confirmou que tem. Do nosso lado, dá pra dizer, então, que fazer boas amostragens de solo equivalem ao que temos de mais modernos na investigação de DNAPL, que é o DYE-LIF. Só falta fazermos as amostragens de solo com o cuidado que elas merecem. https://www.youtube.com/watch?
https://serdp-estcp.org/
- Meu amigo Alison Dourado, profissional muito competente e leitor de longa data da Newsletter, me fez uma observação muito importante sobre um fato que deixei passar na semana passada. Esse fato é a publicação da Decisão de Diretoria nº 066/2023/C, de 04 de agosto de 2023, que trata da renovação da Licença de Operação de postos de combustíveis. De acordo com a leitura atenta feita pelo Alison, o último item (item 25) do Anexo 3 (Exigências Técnicas) estabelece que "Deverá ser realizado o monitoramento/acompanhamento das medidas de controle institucional (MCI) ou medidas de controle de engenharia (MCE), quando previstas no Termo de Reabilitação dos postos instalados em áreas reabilitadas. (Obs: Aplicável somente para “Área Reabilitada para o Uso Declarado”)." Alison observa que, se realmente a CETESB passar a cobrar esse item no licenciamento dos postos, certamente teremos muitos empreendimentos realizando a reinstalação de poços de monitoramento e o início/retomada do monitoramento das medidas de restrição, até talvez até mesmo novas investigações que poderiam constatar a famosa "volta dos que não foram". Vamos acompanhar. Você, que trabalha com esse segmento no estado de SP, ouviu falar de alguma coisa a esse respeito? Conta pra gente!!!!! Eu, o Alison e os demais leitores e leitoras vãos agradecer muito. https://cetesb.sp.gov.br/wp-
- Na Sessão PFAS de hoje, relembro que falamos, na Newsletter #153, sobre o Projeto de Lei 2726/2023, proposto pelo Deputado Juninho do Pneu e que tramita na Câmara dos Deputados, pretende instituir a Política Nacional de Controle dos PFAS. Essa semana, Sergio Ogihara fala sobre esse tema no LinkedIn e dá alguns detalhes sobre a proposta do deputado. Vamos ver se isso vai para frente ou se fica igual à Lei Federal de Áreas Contaminadas. https://www.linkedin.com/
Aqui o Projeto de Lei: https://www.camara.leg.br/
- Queria contar uma história muito interessante aqui para vocês. Basicamente é a história de uma descoberta da ciência que “pega”, ou seja, que faz as engrenagens legais, administrativas, técnicas se moverem e causarem mudanças significativas nos paradigmas. Por outro lado, outras descobertas, no mesmo tema, ligeiramente diferentes, não chamam a mesma atenção e não sabemos o porquê. Uma dessas descobertas é o famoso artigo de Johnson et al. (2014), chamado “Threshold of trichloroethylene contamination in maternal drinking waters affecting fetal heart development in the rat”, apoiado em dois outros artigos do mesmo grupo, em especial o trabalho seminal de 1998 chamado “A review: trichloroethylene metabolites: potential cardiac teratogens”. Os trabalhos de Johnson e colaboradores mostraram evidências em ratos que contaminações por TCE podem causar má formação no coração de fetos humanos. Depois desse artigo, outros foram publicados com outras evidências que apontam para outras malformações em fetos, inclusive abortos espontâneos, que culminou na declaração da ATSDR (Agency for Toxic Substances and Disease Registry) dizendo que “alguns estudos em humanos indicam que o TCE pode causar efeitos no desenvolvimento, como aborto espontâneo, defeitos cardíacos congênitos, defeitos no sistema nervoso central e baixo peso ao nascer”. Essa descoberta foi um gatilho para que se desenvolvesse toda a tecnologia e toda a preocupação com a intrusão de vapores em ambientes fechados, uma vez que, se houver vapor de TCE, pode afetar mulheres no primeiro trimestre de gravidez, então, a investigação da intrusão de vapores se tornou algo da maior importância e mitigar esses riscos se tornou também uma enorme preocupação nos EUA e, consequentemente, no Brasil. E não só isso, a ATSDR complementa dizendo que há fortes evidências de que o TCE pode causar câncer renal em humanos e há algumas evidências de que causa câncer de fígado e linfoma maligno. Existem também algumas evidências de câncer testicular e leucemia induzidos por TCE em ratos e tumores pulmonares em camundongos. O Departamento de Serviços de Saúde Humana (HHS) classificou o tricloroetileno como “conhecido por ser um carcinógeno humano”. Da mesma forma, a Agência Internacional de Investigação sobre o Câncer (IARC) classificou-o como “cancerígeno para os seres humanos” e a EPA caracterizou-o como “cancerígeno para os seres humanos por todas as vias de exposição”. Estas agências concluíram que havia provas suficientes de estudos em humanos de que a exposição ao TCE pode causar câncer renal em humanos. Existem também algumas evidências de uma associação entre a exposição ao tricloroetileno e o linfoma não-Hodgkin em humanos. Em 2016, Makris et al. Publicou um artigo de Revisão Sistemática (o padrão-ouro da ciência) na conceituada revista Reproductive Toxicology, confirmando que a exposição pré-natal ao TCE pode realmente causar malformação cardíaca em fetos humanos. Então, toda a preocupação que temos nos EUA, Europa e Brasil com a intrusão de vapores, inclusive direcionando os recursos de remediação teve um grande impulso por conta dessas descobertas e desses dados toxicológicos. Interessante a gente ver que há evidências robustas que substâncias como os agrotóxicos causam os mesmos problemas, só que ainda não despertou as mesmas preocupações da comunidade internacional do GAC. Recomendo que leiam todo esse material.
Documento do ATSDR: https://wwwn.cdc.gov/TSP/
Documento da EPA sobre o TCE: https://www.epa.gov/sites/
Artigo de Jonhson et al. (1998): https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
Artigo de Johnson et al. (2014): https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
Íntegra em: https://ehp.niehs.nih.gov/doi/
Artigo de Hardin et al. (2004): https://ehp.niehs.nih.gov/doi/
Artigo de Revisão Sistemática de Makris et al. (2016): https://www.sciencedirect.com/
- Luiz Ferreira da Silva fez uma publicação muito interessante no LinkedIn. Ele fala de modo muito claro e didático sobre o uso do CPTu (piezocone) na Geotecnia, e das possibilidades de se acoplar ferramentas de SIG na ponteira para que as informações topográficas tenham grande precisão. Ele diz que hoje, O CPTu é muito usual para determinação da estratificação dos solos, com a possibilidade de determinar, de forma “semi-empirica”, o tipo de solo com as correlações de resistência de ponta e atrito lateral, junto com a presença de poro pressão. Tipo de solo para ele é o que nós conhecemos como Unidades Hidroestratigráficas. O CPTu é uma ferramenta muito útil e muito precisa para essa finalidade, como eu mesmo consegui verificar durante a elaboração da minha dissertação de mestrado. A figura do post mostra também a clara diferenciação das grandezas medidas em campo, que indicam os limites das diferentes unidades hidroestratigráficas. É uma ferramenta extremamente útil na Geotecnia, especialmente de barragens, e que deveria ser mais usada nos nossos estudos de áreas contaminadas. https://www.linkedin.com/
Aproveito e indico, para quem se interessar, a minha dissertação, que fala de investigação de alta resolução e do piezocone em especial: https://repositorio.unesp.br/
- Notícia muito interessante, na Revista da FAPESP. Pesquisadores da UNESP desenvolvem uma estratégia para tratar efluentes e água contaminados com glifosato usando bagaço de cana como material adsorvente. Estudos apontam riscos à saúde humana decorrentes do glifosato, que é proibido em muitos países, como Alemanha, Dinamarca, Grécia, El Salvador, Colômbia e outros, mas, no Brasil, são largamente utilizados, cerca de 173 mil toneladas/ano (!!!!!). A pesquisa pretende obter microfibras catiônicas de celulose a partir do bagaço de cana. Recomendo a leitura. Talvez o mesmo produto possa ser utilizado com outras SQIs. https://agencia.fapesp.br/
- Pesquisa do IAG/USP indica que, apesar da melhora na poluição do ar decorrente das medidas de controle das emissões veiculares, os carros novos continuam emitindo substâncias químicas prejudiciais à saúde. O estudo analisou os fatores de emissão de diversas espécies químicas em veículos leves e pesados que estão gradativamente usando mais biocombustíveis, como etanol e biodiesel. A emissão de gases como óxidos de nitrogênio e monóxido de carbono apresentou uma tendência de queda entre 2001 e 2018. Além disso, houve uma redução na emissão de material particulado. Os pesquisadores observaram, no entanto, que veículos leves apresentaram maiores emissões de elementos como ferro, cobre, alumínio e bário. Isso pode estar relacionado ao maior uso de etanol em 2018 se comparado ao calculado desde 2001. No estudo, os veículos leves emitiram uma proporção mais elevada de PAHs de massa molecular mais elevada, provavelmente presentes na gasolina. “As emissões foram mais baixas em relação a outros países. Isso pode ter sido um efeito do uso do etanol”, enfatiza um dos pesquisadores. Ainda assim, a concentração medida de benzo(a)pireno no ar ainda é maior do que o recomendado pela Agência Europeia do Ambiente, na cidade de São Paulo. https://jornal.usp.br/
- Nessa semana, trago mais uma notícia sobre abelhas, que é uma demonstração dos tempos que estamos vivendo. Uma das principais áreas de produção de mel na Bahia enfrentou um impacto significativo com a perda de pelo menos 90 milhões de abelhas no mês de agosto/2023. Apicultores em Ribeira do Pombal, no semiárido baiano, lamentam a perda de mais de 1,5 mil colmeias. As abelhas teriam morrido em decorrência do uso do Fipronil, agrotóxico que tem sido usado de forma irregular em pastagens. Um dos apicultores explicou que os pecuaristas e latifundiários “jogam o veneno para matar as formigas e estão matando tudo, não só as abelhas nem só as formigas”. Comercializado desde 1994, o Fipronil é utilizado como inseticida, agindo nas células nervosas dos insetos, e está presente em vários produtos antiparasitários usados em animais domésticos, como spray ou coleiras antipulgas. Um caso muito parecido com aquele relatado por Rachel Carson em seu livro “Primavera Silenciosa”. A História, mais uma vez, se repetindo. https://www.brasildefato.com.
- No sentido oposto, o Equador fez uma votação, no domingo passado, que determinou que seja interrompida a exploração de petróleo na Amazônia. Essa decisão também proíbe a mineração na floresta do Chocó Andino, localizada nas proximidades de Quito. O resultado da votação dá 1 ano para a petrolífera estatal Petroecuador encerrar suas atividades na região do parque de Yasuní. O bloco responde por 12% da produção diária de petróleo bruto do Equador, de 466 mil barris por dia. É um marco nas questões ambientais, porque o povo equatoriano, soberana e democraticamente, escolheu reduzir o crescimento econômico em prol de um bem coletivo. Como já dissemos há algum tempo aqui, essa gestão democrática dos impactos ambientais feita em larga escala seria a única forma de realmente combatermos a crise climática e civilizacional. É interessante ressaltar que a empresa atingida era estatal, então, em tese, não tinha, como razão de existência, obter lucro para seus acionistas ou para seu dono, nem gerar acumulação de capital. Portanto, a decisão é relativamente mais fácil e, eu diria que se fosse uma empresa privada, tal decisão seria virtualmente impossível de ser tomada, por isso nossa crítica constante ao modo de produção econômico que estamos vivendo. A segunda observação importante é que o povo equatoriano escolheu “se sacrificar” economicamente para melhorar as condições ambientais que, em última análise afetam positivamente todo o planeta. Outros locais, outras comunidades, outras empresas, que fizeram a opção oposta, na minha opinião, deveriam compensar o povo equatoriano por isso. Lembro que o Equador é o berço do conceito do Bem Viver de Alberto Acosta. Vejam a notícia: https://www.poder360.com.br/
- Dentro desse tema, notícia da insuspeita CNN diz que as pessoas mais ricas dos EUA estão entre os maiores poluidores do mundo – não apenas por causa de suas enormes casas e jatos particulares, mas pelas emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) gerados pelas empresas nas quais investem. Um novo estudo publicado na revista PLOS Climate descobriu que os 10% mais ricos dos EUA – famílias que ganham mais de US$ 178 mil – são responsáveis por 40% das emissões de GEE. Segundo os pesquisadores, somente a renda do 1% mais rico – famílias que ganham mais de US$ 550 mil – foi associada a 15% a 17% dessas emissões. O relatório também identificou “superemissores”. Eles estão entre os 0,1% mais ricos dos estadunidenses, concentrados em setores como finanças, seguros e mineração, e produzem cerca de 3.000 toneladas de carbono por ano. Estima-se que as pessoas devam limitar sua pegada de carbono a cerca de 2,3 toneladas por ano para enfrentar as mudanças climáticas. Globalmente, as emissões de GEE por bilionários é um milhão de vezes maior do que a média das pessoas fora dos 10% mais ricos do mundo, de acordo com um relatório do ano passado da Oxfam. Mais uma vez, até a grande imprensa corrobora o que estamos falando há bastante tempo. É fundamental que o modelo econômico seja superado para que as mudanças climáticas sejam revertidas. https://www.cnnbrasil.com.br/
- Para finalizar, uma notícia curiosa e preocupante, que ilustra bem o que temos visto de crise ambiental/civilizacional e ilustra também a origem das áreas contaminadas. De “troco”, nos fala sobre a visão de mundo hegemônica, ocidental, do norte global. Na década de 1950, para “comemorar” a vitória na II Grande Guerra, que se deu, na ótica estadunidense, pelo lançamento de bombas atômicas em Hiroshima e Nagazaki, uma empresa resolveu lançar um brinquedo atômico, com urânio radioativo de verdade para as crianças compreenderem como funciona aquele artefato maravilhoso “Made in USA”. O brinquedo era chamado “kit Laboratório de Energia Atômica Gilbert U-238” e ficou à venda por dois anos. O kit vinha com quatro tipos de urânio, além de itens como um eletroscópio —usado para identificar a presença de carga elétrica em objetos — e um contador Geiger — que mede radiação. Não era possível fazer uma reação nuclear com o kit (ainda bem!!!! Já imaginaram?!?!?!?). Mas, ainda assim, os itens emitiam radiação para as crianças. Inacreditável, não acham? https://www.uol.com.br/tilt/
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