Newsletter ECD #180

Essa é a Newsletter Especial #180, enviada em 17/12/2023, a última de 2023!!!!!!!

 

A nossa Newsletter, junto com o nosso Podcast Áreas Contaminadas, cumpre um papel de dar poder pelo conhecimento, trazendo informações, conteúdos, textos, temas, dicas e notícias sobre Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC), e também sobre meio ambiente, saúde, filmes, livros, músicas e teorias para adiar o fim da humanidade, sempre com comentários com o objetivo central de construir um mundo melhor para todas e todos.

Se alguém quiser compartilhar a nossa Newsletter, pode mandar o link para preenchimento do formulário de inscrição, que é esse: https://forms.gle/wJoFfUzv9vSkw19g7 .

Algumas das Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br).

Graças ao nosso amigo José Gustavo Macedo, nossa Newsletter está sendo publicada também no site do Sigesp – Sindicato dos Geólogos do Estado de São Paulo, o que é motivo de muita honra para nós!!!! Vejam lá a Newsletter #175 e algumas anteriores

https://sigesp.org.br/noticias/newsletter-ecd-175

Fechamos o ano com 768 assinantes nessa Newsletter, 768 leitores e leitoras que muito nos orgulham por ceder um pouco da sua atenção para ver a curadoria que fazemos das notícias mais importantes da semana. Para mim é um número muito expressivo!!!! Há 180 semanas eu não imaginaria que estaríamos com esse tanto de pessoas querendo, voluntariamente, saber o que temos para dizer, querendo ouvir as nossas histórias, as nossas indicações. É quase como um ginásio lotado todas as semanas!!!! Em nome da família ECD, agradeço demais a companhia de vocês, que nos dão a força que precisamos para fazer esse trabalho todas as semanas.

 

Gostaria de lembrar que temos uma campanha no “Apoia.Se”, que é muito importante pra gente, pois ela nos ajuda a manter gratuitos os nossos canais de divulgação científica nessa Newsletter e no Podcast Áreas Contaminadas. A campanha, para quem quiser e puder contribuir voluntariamente conosco está no site http://apoia.se/ecdambiental

É simples e rápido, você faz um login na plataforma e escolhe como fazer esse pagamento, com boleto, cartão, etc. Mensalmente o Apoia.se faz essa cobrança; se for por boleto, a plataforma te envia os boletos mensalmente.

 

Aproveitando, agradeço aos 60 apoiadores e apoiadoras atuais, principais responsáveis pela manutenção dos nossos canais de divulgação gratuitos. Sem a ajuda deles, dificilmente seria possível dedicar todo esse tempo à pesquisa, produção e o desenvolvimento do material gratuito do podcast e dessa Newsletter. Muito obrigado a vocês!!!

 

Ábila de Moraes, Alison Dourado, Allan Umberto, André Souza, Atila Pessoa, Barbara Grossi, Beatriz Lukasak, Beatriz Ramos, Bruna Fiscuk, Bruno Balthazar, Bruno Bezerra, Cristina Maluf, Daiane Teixeira, Daniel Salomão, Danilo Tonelo, Diego Silva, Fabiano Rodrigues, Fernanda Nani, Filipe Ferreira, Geotecnysan, Gilberto Vilas Boas, Guilherme Corino, Heraldo Giacheti, Hermano Fernandes, Igeologico, Jefferson Tavares, João Paulo Dantas, João Lemes, Jonathan Tavares, José Gustavo Macedo, Joyce Cruz, Juliana Mantovani, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Lilian Puerta, Luana Fernandes, Luiz Ferreira, Marcos Akira Ueda, Marina Melo, Nádia Hoffman, Rafael Godoy, Rafael Sousa, Renata Machado Lima, Renato Kumamoto, Rodrigo Alves, Rodrigo Gaudie-Ley, Silvio Almeida, Sueli Almeida, Tamara Quinteiro, Tatiana Sitolini, Tatianne Grilleni, Tiago Soares, Vania de Oliveira, Wagner Rodrigo, Willem Takiya, e mais 5 apoiadores anônimos.

 

Nessa semana que passou, foi ao ar o Episódio #173 do Podcast Áreas Contaminadas, onde mostro uma conversa muito legal com Daniel Rocha, Geólogo (até no nome), formado há 16 anos, há 16 anos atuando no GAC e há 16 anos na mesma empresa, a Servmar, que o contratou 2 dias antes da festa de formatura!!!! Daniel fala das suas angústias na escolha do curso, do início da graduação, até se sentir muito à vontade no final, com a hidrogeologia, a geologia ambiental e as disciplinas que o fizeram “brilhar os olhos” e ser um geólogo apaixonado pela sua ciência. Depois, ele conta da sua evolução profissional, que se entrelaça com a evolução do GAC como um todo e da Servmar em particular. Ele começa, como quase todo mundo naquela época, trabalhando com postos de gasolina. No caso dele, em aqueles grandes contratos com distribuidoras, para ser um geólogo de campo fazendo investigações a toque de caixa, indo de um posto para outro, conduzindo malha de Soil Gas, amostragem de solo até a franja, com medições no saquinho e instalação de poções para ver se “junta fase livre”. Ao olhar de hoje, é uma abordagem que não é tecnicamente a mais correta, mas realmente é o que era feito em todos os casos, era o “padrão a ser seguido”. De lá para cá o mercado mudou, os postos deram lugar às indústrias e, depois, ao mercado imobiliário, a Servmar mudou, de grandes contratos com distribuidoras para casos mais complexos em refinarias, setor industrial e também mercado imobiliário. E, claro, Daniel também mudou, “passando para o escritório” onde escrevia relatórios, participando de remediações, das simples às complexas, até chegar à situação atual, de gerenciar projetos complexos, com investigação de alta resolução e técnicas de remediação variadas. Não só mudança puramente profissional, mas vocês vão ver a evolução técnica substancial que ele passou nesse tempo, com as dicas que ele nos dá durante o episódio. Além da evolução técnica, Daniel mostra uma clareza impressionante das suas ideias, com uma visão consciente e crítica sobre vários assuntos como: priorizar a coleta de dados em campo; cuidado com os iniciantes; formação do profissional; aprendizagem contínua; recuperação integral da área; perfil do profissional deve ser adaptado ao perfil do cliente; analistização; uso de ferramentas de IA como substituto dos cérebros “reais”, e fundamentalmente, a necessidade de estudo. Tudo isso com uma “trilha musical virtual” de rock’roll com guitarras distorcidas. Foi um belíssimo aprendizado e uma belíssima história, muito bem contada pelo Daniel. Curiosamente, com dois dias de publicação, ele e eu recebemos várias mensagens de amigos e amigas, de dentro e fora do GAC, elogiando o episódio, o que é muito interessante. Espero que vocês também gostem!!!!!

Episódio no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=3sJvECs0ejQ

Episódio no Spotify: https://open.spotify.com/episode/7JX3wBaIUNZ4M6NRLsDjPN?si=WFNmOugIQeKBSUKFcIk5UA

 

Na semana que vem, dia 21/12, teremos o Episódio #174 do Podcast Áreas Contaminadas, que será o último episódio de 2023, e também o último da 4ª temporada. Será um episódio muito especial, algo que começa a se tornar uma tradição do episódio de encerramento da temporada: um podcast com vídeo!!!!! E, da mesma forma que no ano anterior, que fizemos com Michel Tognoli e Rafael Sato, será com uma pessoa muito relevante no GAC e extremamente importante para nós, dos Estúdios ECD: será com Paulo Negrão, CEO da Clean Environment Brasil. Foi uma conversa muito legal, descontraída (combinando com o convidado) onde falamos basicamente de rock brasileiro, Rush, contrabaixo, Ponte Preta, Júnior Groovador com algumas pitadas de GAC no meio. Nessas pitadas estão alguns pilares da Clean como empresa e do Paulo como pessoa, tais como: inovação, “criação de mercado”, criatividade, remediação e, especialmente, sobre o futuro desse nosso mercado do GAC. Foi uma experiência incomum para mim, aparecer em um vídeo, mas achei muito interessante, afinal, o convidado ajuda muito. Não percam!!!!! Quinta-feira, dia 21/12, quase véspera de Natal, enquanto você compra os últimos presentes e prepara a ceia, no YouTube, Spotify e demais agregadores, a despedida de 2023 do Podcast Áreas Contaminadas.

 

Como ficaremos, depois desse episódio especial, 2 semanas sem novos episódios, vou recomendar que vocês ouçam a Série Especial GAC em Áreas com Hidrocarbonetos, onde tentamos unir a ciência internacional de ponta para investigação e remediação dessas áreas que manipularam ou armazenaram hidrocarbonetos (postos, bases, refinarias, indústrias) com a prática do dia a dia do GAC “convencional”, para aproximar os conceitos técnicos mais relevantes do profissional que está hoje mesmo atuando em uma área como essa e precisa, muitas vezes, entender o porquê de escolher a ferramenta A ou B. Como linha geral, a ideia é desmistificar o uso de “poções” nas investigações e de “botar o MPE lá” nas remediações. Fazendo aqui uma breve retrospectiva dos 5 episódios já lançados, temos o seguinte:

No 1º episódio falamos sobre a história da preocupação com a contaminação decorrente de vazamentos de hidrocarbonetos no solo. Abordamos o programa UST dos EUA que baseou os procedimentos iniciais de reformas em postos de combustíveis e de investigação dos passivos ambientais que, no Brasil, iniciou na Câmara Ambiental do Petróleo e que culminou com a Resolução Conama 273 do ano 2000 e consequente resolução SMA 005, de 2001, que efetivamente regulamentou o licenciamento ambiental de postos de combustíveis no estado de SP, que foi o “Big Bang” para o GAC.

No 2º episódio, falamos como o hidrocarboneto efetivamente contamina o meio, solo e água subterrânea. Quais são os processos que ocorrem, tentando olhar mais para o nível micro, para os poros do solo, para ajudar todo mundo a entender porque devemos mudar o entendimento, as abordagens, e até as metodologias de gerenciamento, investigação e remediação de áreas com hidrocarbonetos.

No 3º episódio, falamos do começo do processo de investigação de áreas contaminadas, a Avaliação Preliminar. Para o caso específico das áreas com hidrocarbonetos, há algumas fontes potenciais e suspeitas muito conhecidas, como as bombas e os tanques, mas há muitas outras. O nosso convidado Felipe Nareta explicou tudo isso muito bem, dando subsídios para uma boa preliminar em um posto de combustíveis ou outra área com tanques subterrâneos com combustíveis líquidos.

No 4º episódio dessa série, falamos sobre o complemento da Avaliação Preliminar, o Screening. Historicamente, o único screening feito na área de postos era a velha malha de VOC, ou Soil Gas Survey. Esse é um método inadequado para essa finalidade, porque fornece falsos positivos ou, pior, falsos negativos, porque a medição é feita no momento da perfuração, o que gera muitas incertezas sobre de onde está vindo o ar que está sendo medido no equipamento. Para um screening mais adequado, recomendamos, no episódio, os amostradores passivos, os poços temporários de vapor com medição periódica com PID ou com análise química, em campo ou em laboratório, e fundamentamos essa nossa escolha.

No 5º episódio, falamos sobre a definição de LNAPL, a diferença de conceito entre LNAPL e “fase livre”, e especialmente como investigar a fonte secundária, que é o próprio LNAPL e o solo impactado por esse LNAPL. Falamos sobre onde o LNAPL pode estar no meio subterrâneo: na zona não saturada (“empoleirado” sobre alguma camada menos permeável), na interface entre zona não saturada e zona saturada (na “franja capilar”, onde a saturação de LNAPL é máxima para aquele solo) e zona saturada (“trapeado”, imobilizado, muitas vezes alguns metros abaixo do nível de água). Ele pode ter mobilidade, portanto, tem saturação suficiente para se mover, e nesse caso é chamado de fase livre, ou pode ser imóvel, residual ou retido. E falamos, principalmente, de como achar esse LNAPL, que, certamente não é com poços de monitoramento, como apontaram vários autores, que recomendam, para a identificação do LNAPL, o uso do UVOST, do OIP ou de amostragens de solo. Conto um pouco da história e da funcionalidade do UVOST e do OIP e, especificamente sobre amostragens de solo, eu explico sobre como fazer essa amostragem e como analisar as amostras em campo para se obter o máximo de informações que permitam elaborar um bom modelo conceitual da área com LNAPL.

 

O Nosso Podcast Áreas Contaminadas tem o patrocínio Master da Clean Environment Brasil (www.clean.com.br ), e o Patrocínio Ouro do Laboratório Econsulting (http://econsulting.com.br/) e da Vapor Solutions (www.vaporsolutions.com.br)

 

Trazendo um pouco o calendário do final de ano aqui nos Estúdios ECD: Hoje, 17/12, teremos a última Newsletter de 2023. Na quinta, 21/12, teremos o último episódio do Podcast Áreas Contaminadas de 2023, o Episódio Especial #174, em vídeo, com Paulo Negrão. Faremos uma breve pausa e retornaremos com o Podcast no dia 11/01/2024 e com a Newsletter no dia 14/01/2024!!!!

 

Como essa é a última Newsletter do ano, gostaria de propor algumas reflexões e retomar outras que desenvolvemos nos últimos tempos por aqui:

Primeiro a questão do formato da Newsletter: muita gente opinou, a maioria a favor da experimentação com formato diferente, com mais imagens, mais ou menos na linha que a Patricia Ruiz gentilmente fez para nós. Algumas pessoas disseram que o melhor é focar nos textos colocados no corpo do e-mail mesmo, é mais simples e direto para fazer a leitura. Aí faço uma reflexão e proponho o mesmo pensamento para vocês: o número de pessoas a favor da mudança é maior, mas o número total de manifestações é menor que 5% dos assinantes. Então, nenhuma decisão tomada com base nessa pequena enquete é suficientemente representativa. Vale muito para a gente entender o que os leitores mais assíduos estão pensando, pois geralmente são esses que se manifestam, mas não dá pra dizer que é representativo do todo. Independente dessa reflexão, vou, por enquanto, priorizar os textos enquanto tento desbravar alguns formatos diferentes para propor de vez em quando, acho que vai enriquecer a nossa proposta em 2024.

Outro ponto muito relevante são as relações trabalhistas dentro do GAC. Não é diferente do resto do mundo, do resto do “mercado de trabalho normal”, ou seja, a correlação de forças é muito desequilibrada a favor dos patrões. Eu tenho visto as consultorias grandes, internacionais cada vez mais serem “empresas corporativas”, voltadas para o “business”, para o EBITDA, margem, bônus, metas e, essencialmente, para o lucro. Dentro disso, o profissional é uma engrenagem da máquina, é o Charles Chaplin na linha de montagem, é (obrigado Roger Waters!!!!) mais um tijolo na parede. De outro lado, temos consultorias pequenas, onde os donos são também trabalhadores lutando todos os dias para ganhar o pão, e qualquer abalo representa um problema significativo para essas empresas e, consequentemente, para os trabalhadores envolvidos (inclusive os donos).  No trabalho “convencional”, os trabalhadores mais organizados, portanto com maior poder de barganha, eram os das indústrias, e inclusive foi a organização desses (chamados de “a Classe Operária”) que permitiu conquistas como jornada de trabalho, férias remuneradas, 13º, e outros direitos trabalhistas. Mas, como todo mundo sabe, o Brasil passou por um processo de desindustrialização importante, com crescimento do setor de serviços, com menores salários. Mais modernamente, a partir de 2016, houve um desmonte completo de qualquer organização dos trabalhadores enquanto cresciam as plataformas como Uber e a famosa “uberização” do trabalho, e isso enfraqueceu muito o poder de barganha dos trabalhadores e a balança pendeu ainda mais para o lado dos patrões. Nós, do setor do GAC, estamos em algum ponto no meio disso, pois os donos dos meios de produção ainda precisam de trabalhadores muito qualificados, treinados, atualizados, além de ter algumas soft skills muito peculiares, o que nos dá uma certa força. Mas, por outro lado, somos considerados o maior “custo” da consultoria, e os dirigentes das consultorias estão sempre olhando para como reduzir custos, portanto, como diminuir o nosso papel dentro das empresas, e as novas tecnologias sempre atuam nessa direção. Dentro de todo esse cenário, praticamente não existem mais Engenheiros, Geólogos, Biólogos, Geógrafos registrados como tal nas empresas do nosso segmento. Primeiro porque há muitos “PJ”, ou seja, um trabalho ainda mais precarizado. Aí, dos que são registrados, são como analistas, coordenadores, assistentes, consultores, entre outros eufemismos criados, sem dúvida, para economizar na remuneração do trabalhador. Essa economia vem do que eu já falei acima: nas grandes, a visão “business”, focada na margem de lucro e, nas pequenas, a adaptação ao mercado para sobreviver. Seja um, seja outro, as condições são desfavoráveis aos trabalhadores e serão cada vez mais desfavoráveis no futuro. Além dessa questão, há outra, o mercado como um todo tendo os valores cada vez mais “achatados” por uma conjunção de fatores que se retroalimentam: o aumento da concorrência entre as empresas do GAC, a redução da “vontade” do Responsável Legal de pagar pelos custos dos trabalhos de GAC, e a cobrança muitas vezes pouco incisiva dos órgãos de controle. Isso tem origem em fatores econômicos e legais, com certeza, mas boa parte da “culpa” é que nós não conseguimos comunicar a importância de gerenciar áreas contaminadas: nem para os pagadores da conta, nem para os órgãos ambientais, e muito menos para a sociedade. Pode ser que a nossa importância seja menor que aquela que achamos que temos, mas, na minha opinião, está faltando comunicação da nossa parte, podemos melhorar nisso. Sobre a analistização propriamente dita, não vejo uma reversão dessa tendência em um prazo curto e a única forma de não termos ainda mais perdas é começarmos a nos unir como profissionais, em alguma espécie de Associação. Acho que seria muito positivo não só para essa questão trabalhista, mas para contribuirmos com essa melhoria na comunicação e, especialmente, para incrementarmos a nossa formação técnica e pessoal. Vamos aproveitar essa “folga” para refletirmos sobre essa questão. Em síntese, na minha opinião, nossa luta “micro”, como trabalhadores e trabalhadoras do GAC é: melhorarmos tecnicamente para “sobreviver”, trabalhar pela conscientização da sociedade da importância do que fazemos; lutar para que os órgãos reguladores exijam cada vez mais qualidade técnica dos trabalhos; e nos aproximarmos mais, nos unirmos mais. Todas essas lutas, para serem mais eficientes e eficazes, devem ser coletivas. Todos ganharemos com isso. Vamos?

Finalmente o terceiro tema importante para falarmos aqui e sobre o qual tenho recebido algumas mensagens perguntando, outras apoiando e mais outras questionando, que é o tema ambientalismo. São muitos os questionamentos, mas quero falar hoje do mais importante: devemos “pensar globalmente e agir localmente”? devemos centrar nossos esforços em ações individuais, como não comer carne, priorizar transporte público, reciclar lixo, economizar água e energia e coisas do tipo? Os números e a ciência dizem que não, esses esforços não são efetivos. 70% da água é consumida pela agricultura, cerca de 20% pela indústria, sobrando 10% para o consumo das pessoas. Desses 10%, as perdas no sistema de distribuição (quando há esse sistema) representam 25% de toda a água tratada. O 1% mais rico do mundo emite carbono equivalente a 2/3 da população. Em resumo, a desigualdade climática é muito grande. Não há como superar a crise ambiental-civilizacional com ações individuais, por mais que essas sejam importantes para nos dar esperança e a boa ilusão de estarmos fazendo alguma coisa. Até os ODS, que são parte desse estímulo às ações individuais, já colocam, como objetivo número 1, a redução da pobreza e da desigualdade, ou seja, essas lutas devem caminhar juntas. A luta deve ser coletiva e focada no que realmente importa: tentar modificar o sistema econômico, que “fabrica” essa desigualdade, porque essa desigualdade está no cerne, no centro, na razão de ser desse sistema econômico, junto com a necessidade imperiosa de aumentar o consumo total de matéria e energia indefinidamente para que isso se transforme em lucro. Notem que isso que acabei de citar não é coisa de uma pessoa malvada, ou de uma empresa sem escrúpulos, sem governança, mas é o próprio sistema econômico. Sem o lucro, sem o consumo permanentemente crescente, sem a transformação infinita de recursos naturais em resíduos, sem a geração da desigualdade, das emissões, da crise climática e civilizacional, o sistema não existe. Então, na minha opinião, mudanças pontuais, cosméticas, decorrentes de ações individuais são como instalar um bombeamento e querer que toda aquela massa retida no solo seja eliminada. As ações individuais são muito importantes como conscientização do problema, pois, de outra forma, talvez as pessoas não entendessem que estamos passando por uma crise, da mesma forma que o bombeamento tem a sua funcionalidade, talvez proteger os receptores externos. Mas, embora interessantes e que façam mais bem do que mal, as ações individuais (e o bombeamento) não resolvem a questão na sua essência. O que devemos ter como objetivo e norteamento das nossas ações é acumular forças e caminhar no sentido de combater e superar esse sistema baseado em consumo, acumulação e apropriação de matéria e energia e, claro, de “predação” da natureza. Ou seja, pensar globalmente e agir globalmente também. Para isso, precisamos de um mundo mais justo e cooperativo, e é tendo isso em vista que nós da ECD lutamos no dia a dia, sendo a Newsletter um desses espaços de luta. Gostaria que vocês pensassem sobre isso durante essa nossa pausa de final de ano: como podemos atingir esse objetivo?

 

Para finalizar o nosso último editorial do ano, queria agradecer vocês que nos lêem toda a semana, que nos ouvem no Podcast, nossos queridos e queridas apoiadores financeiros no Apoia.Se e aos nossos patrocinadores. São vocês que mantêm essa rotina de pesquisa, leitura, interpretação, curadoria e escrita que eu gosto muito de fazer. Agradeço especialmente à minha companheira de trabalho (aliás, o “amigo secreto da firma” aqui foi bem legal) e de vida, Lillian Koreyasu Riyis, por mais um ano juntos nessa caminhada que escolhemos. Por fim, gostaria de desejar a vocês Boas Festas e um Ano Novo repleto de saúde, amor, realizações, bons projetos, sucesso e, principalmente, esperança e felicidades. Adeus, 2023, Bem-Vindo, 2024!!!!

 

 

Vamos agora às notícias da semana:

 

Recebi essa semana, como sempre, algumas contribuições muito legais de: Manoel Riyis Gomes, Lucas Venciguerra, Guilherme Corino, Calvin Iost, Leandro Freitas, Mateus Evald, Felipe Nareta. Obrigado, pessoal!!! Fico orgulhoso de ter tanta gente boa contribuindo com nosso “espalhamento” aqui!!!  Quem identificar erros ou falhas, ou quem tiver dicas, críticas, sugestões para dar, por favor, me mande, para rechearmos esse espaço com as ideias de vocês.

 

- Recebi, nessa última semana, algumas vagas de emprego para divulgar: Arcadis (Coordenador, Analista Pleno e várias outras vagas), Ambipar Response/Reconditec (Técnico de Produção e Automação e Técnico em Elétrica), Safe7 (Assistente de Dados). Soube também de outras vagas não anunciadas em muitas outras consultorias, se você é um profissional da área, recomendo que entre no site da AESAS e entre em contato diretamente com as empresas associadas (www.aesas.com.br). As vagas que recebo ou vejo, compartilho imediatamente no nosso Canal do Telegram (https://t.me/areascontaminadas)

 

- O Centro Universitário SENAC está com as inscrições abertas para o Processo Seletivo para a 11ª turma do curso de Pós-Graduação em Remediação de Áreas Contaminadas (RAC). O curso tem duração de 1 ano, com aulas aos sábados (parte presencial, parte online, mais ou menos metade cada) e um dia da semana (terça ou quinta, essas aulas sempre online). Sou suspeito para falar, mas é um curso muito bom, especialmente para quem já é do mercado, tem um certo conhecimento no GAC e quer se aperfeiçoar na etapa de Remediação. Também é recomendado para profissionais que têm bastante experiência com sistemas de remediação e/ou de tratamento de efluentes e querem entender “o todo” da Remediação. A coordenação é do meu amigo Rodrigo Cunha, conta com a minha participação e auxílio, e conta com um corpo docente quase todo de pessoas muito ativas no mercado de GAC, especificamente na Remediação. Informações, preços, descontos e inscrições no site https://www.sp.senac.br/pos-graduacao/pos-em-remediacao-de-areas-contaminadas

 

- A parceria AESAS/SENAC abriu as inscrições para um curso que foi muito procurado no ano passado: GAC para Iniciantes, voltado para o público que está há pouco tempo no GAC, para quem quer entrar no mercado, para quem faz estágio e quer entender o que é o GAC e para aquelas pessoas que trabalham em uma função específica (comercial, laboratório, amostragem, sondagem, remediação, desenho, dados, marketing, etc), e querem ter ideia do todo, da enorme complexidade do nosso mercado. O curso começará dia 30/01/2024 e será online, ao vivo, às terças e quintas, das 8:00-12:00, com 24 horas. Esse curso tem ainda uma particularidade interessante: ele custa a metade do preço de um curso regular da parceria SENAC/AESAS, justamente para ser mais acessível ao público-alvo. Informações e inscrições no site www.aesas.com.br/eventos . Aproveite e confira a Agenda de Cursos para 2024, tem muita coisa legal!!!!

 

- Recebi uma indicação tão boa que veio de vários amigos quase ao mesmo tempo: Felipe Nareta, Guilherme Corino, Leandro Freitas e Mateus Evald nos recomendaram a divulgação de um excelente trabalho, um e-book sobre Caracterização e Remediação de áreas com LNAPL, na linha da obra que recentemente divulgamos aqui, escrita por Adriana Soriano, Marcio Schneider, Marcus Baessa, Ana Bortolassi e Admir Giachini (Remediação de Áreas Contaminadas por Vazamentos de Hidrocarbonetos de Petróleo e Biocombustíveis: Protocolo Técnico). Jonás García-Rincón, Evangelos Gatsios, Robert J. Lenhard, Estella A. Atekwana, Ravi Naidu editaram um e-book realmente muito interessante chamado “Advances in the Characterization and Remediation of Sites Contaminated with Petroleum Hydrocarbons”. Destaco os capítulos: Historical Development of Constitutive Relations for Addressing Subsurface LNAPL Contamination, escrito por Jonás García-Rincón e o lendário Robert J. Lenhard, um dos primeiros pesquisadores a bater na tecla que o LNAPL não ficava flutuando sobre a água subterrânea, mas interage de modo complexo com os poros do solo; o capítulo Estimating LNAPL Volumes in Unimodal and Multimodal Subsurface Pore Systems escrito por dois grandes pesquisadores do LEBAC/UNESP, o professor Chang e o Miguel Soto em coautoria também com Robert J. Lenhard e com outra lenda, desta vez da Ciência do Solo e do fluxo e transporte em meios não saturados, o professor van Genuchten; e o capítulo High-Resolution Delineation of Petroleum NAPLs , do também lendário Randy Saint-Germain, o principal desenvolvedor do UVOST, entre outras ações, e dono de um texto fluido e bem-humorado. Essas obras vieram em um excelente momento para nós, pois estamos no meio da série especial GAC em Hidrocarbonetos do Podcast Áreas Contaminadas. Muito bom que tudo está confluindo para uma melhora técnica nos estudos desse tipo de área. Baixem imediatamente e aproveitem o final e ano para ler. https://link.springer.com/book/10.1007/978-3-031-34447-3 .

 

- Nosso amigo Calvin Iost avisou que liberou mais um curso na plataforma Ecobytes: É um curso de Python com aplicações ambientais, que vai desde fazer gráficos simples, até mais complexos, machine learning e automação de relatórios. Realmente muito interessante, e um preço bem acessível, de R$99. Quem tiver interesse, entre na plataforma: https://ecobytesacademy.com/python/

 

- Outra indicação de curso muito interessante é a do Lucas Venciguerra: um curso de Pós-Graduação em Gerenciamento de Áreas Contaminadas – Online Ao Vivo da PUC-Minas, com aulas às terças e quintas à noite. É um curso novo, que pretende começar as aulas já em abril/2024. A coordenação do curso é do próprio Lucas junto com os professores Josias Ladeira e Rafael Colombo Pimenta. Informações no site: https://www.pucminas.br/Pos-Graduacao/IEC/Cursos/Paginas/Gerenciamento%20de%20Areas%20Contaminadas_Pos%20Online_Especializacao%20e%20Master.aspx?moda=5&area=72&situ=1

 

- Notícia interessante “do mercado”: Green Soil anuncia que fez uma parceria com a empresa estadunidense Haemers Technologies para fornecer sistemas de remediação por processos térmicos no Brasil. Para quem contrata sistemas de remediação, mais uma opção para termal. Para quem monta sistemas, mais um concorrente para dividir os projetos. https://www.linkedin.com/posts/greensoil-group-br_areascontaminadas-remediaaexaetotermal-biorremediaaexaeto-activity-7140436565968801793-vhy5

 

- Outra notícia interessante ligada ao mercado. Em diversos podcasts e conversas informais, muitos convidados que têm experiência e conhecimento do mercado do GAC no exterior basicamente nos contam que o GAC nos EUA é muito maior e melhor que o nosso e que nós, aqui no Brasil, estamos mais ou menos no mesmo patamar de países como Canadá, Reino Unido, Alemanha, Países Baixos, acima de países ricos do “Norte Global” como Austrália, França, Espanha, Suiça, e muuuuito acima de países como Portugal, leste europeu, países bálticos, Rússia, China. Nisso, muita gente pergunta: E os países do “Sul Global”? Sudeste asiático, Coréia do Sul (altamente industrializados)? África (altamente desigual)? E a nossa querida América Latina? Bom, sabemos que existe a RELASC, Rede com atuação nos órgãos ambientais da América Latina, existe a Nicole Latin America, existe uma “cena” interessante no Peru, por conta da mineração e dos grandes vazamentos de hidrocarburos (hidrocarbonetos), existe algo iniciando na Argentina e no Uruguai (tenho ouvintes uruguaios muito legais) e, recentemente, ouvi dizer que está havendo um incremento do GAC na Colômbia. No LinkedIn, Achim Constantin publicou que, em setembro/2023, aquele país promulgou uma lei específica sobre passivos ambientais. Um passo fundamental para o crescimento do GAC por lá. Acho que a tendência é aumentar essa preocupação no mundo. https://www.linkedin.com/posts/achim-constantin-686575a5_colombia-pasivosambientales-congresocolombiano-ugcPost-7141218420565446658-WvP9

 

- Na Sessão PFAS de hoje, uma notícia indicada por Ian Ross: Governo dos Países Baixos alerta crianças para não colocarem na boa a espuma do mar devido a preocupações com PFAS nessa espuma. Concentrações foram descobertas pelo Instituto Flamengo de Investigação Tecnológica numa amostra da estância belga de Knokke. Depois disso, o Instituto disse que a espuma do mar em estâncias populares holandesas, incluindo Egmond, Katwijk, Scheveningen, Texel e Zandvoort, tinha níveis comparáveis de PFAS aos da Bélgica. O Governo da região de Flandres aconselha não brincar com espuma do mar, não ingeri-la e lavar-se depois de um dia de praia. https://amp-theguardian-com.cdn.ampproject.org/c/s/amp.theguardian.com/environment/2023/dec/13/netherlands-children-not-swallow-sea-foam-pfas-concerns

 

- Na Sessão Braskem/Maceió, essa semana, domingo passado ocorreu o colapso da Mina 18. O “efeito visível” é a migração da água da Lagoa Mundaú para a mina de sal-gema. Há indícios de movimentação sísmica ainda e suspeita de que esse colapso tenha afetado outras minas na região. No momento, a subsidência é de 2,35 m. O MPF afirmou que vai pedir para a Braskem tomar as providências caso haja risco de "sinkhole" —ou seja, desmoronamento total da mina. O órgão diz estar monitorando a situação. A engenheira geóloga Regla Toujaguez, professora da Universidade Federal de Alagoas disse que esse ainda é o começo do processo. Com 60% da área da mina abaixo na lagoa Mundaú, que tem 24 km de extensão, o vazamento deve causar impactos ambientais que só serão dimensionados após meses de estudo. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/12/10/mina-18-braskem-rompimento.htm

 

- Santa Quitéria, no Ceará, é um município pequeno no sertão que está com medo da sua riqueza natural: a maior reserva de urânio do Brasil. A população teme que a radiação do urânio gere problemas de saúde e que a mineração consuma boa parte das já escassas reservas de água da região. Descoberta em 1974, a jazida — que além de urânio contém também fosfato — representa um negócio estratégico para o Consórcio Santa Quitéria, formado pela estatal INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e pela empresa Galvani, do setor de fertilizantes. Em nota enviada à reportagem, o grupo nega que a exploração da mina vá esgotar a água do município. Já sobre os riscos de contaminação, o texto sustenta que "não há evidências de efeitos adversos à saúde em doses baixas, como é o caso do urânio em seu estado natural". Enquanto isso, apenas metade da população de Santa Quitéria tem acesso a água encanada  https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/reporter-brasil/2023/12/15/agua-sim-uranio-nao-agricultores-no-ce-temem-que-mineracao-esgote-acude.htm

 

- Falando em impactos ambientais, a SunR, empresa fundada há 3 anos em Valinhos-SP, se dedica a fazer a reciclagem de painéis solares. Em 1 mês, receberam 80 toneladas de painéis descartados. O volume de material recebido aumentou 700% em um ano. 70-90% do painel é vidro. Há uma parte de plástico e uma fração pequena, mas que é o “filé” da reciclagem que são os materiais nobres como prata, estanho, cobre e silício. Um relatório feito pela Agência Internacional de Energia Renovável (Irena) em 2016 sobre o gerenciamento dos painéis solares fotovoltaicos ao fim de sua vida útil alerta que a quantidade de lixo anual no começo dos anos 2030 atingirá algo entre 1,7 milhão e 8 milhões de t. Em 2050, esse tipo de resíduo poderá chegar a 78 milhões de t no planeta. Vejam que não há energia infinita ou energia totalmente limpa, como já sabíamos pela 2ª Lei da Termodinâmica, ou seja a entropia tende sempre a crescer, a tecnologia por si só não vai salvar a humanidade. Agora, olhando pelo prisma do negócio, das margens de lucro, é algo que tende a crescer. Se alguém aí tiver condições de investir, pode ser uma boa ideia. https://www.uol.com.br/ecoa/ultimas-noticias/2023/12/10/voce-sabe-para-onde-vao-os-paineis-solares-ao-fim-da-sua-vida-util.htm

 

- Na COP28, um grupo de pesquisadores publicou um relatório dizendo que o estágio atual do aquecimento global está causando grave ameaça sem precedentes a 5 grandes pontos de inflexão das grandes mudanças climáticas globais. O relatório é o Global Tipping Points Report (Relatório global de pontos de inflexão). Ponto de inflexão é aquele que traz mudanças irreversíveis. Esses cinco sistemas são: manto de gelo da Groenlândia, manto de gelo da Antártida Ocidental, o giro oceânico subpolar do Atlântico Norte, recifes de coral de águas quentes, e algumas áreas de permafrost. Se o aquecimento global aumentar 1,5°C, florestas boreais, manguezais e prados marinhos podem se tornar mais três sistemas adicionais a estarem ameaçados na década de 2030. Se vários pontos de inflexão forem superados, haveria também o risco de uma perda catastrófica da capacidade de cultivar plantas para produção de alimentos básicos, alertam os autores do relatório. Uma das medidas apontadas pelos autores para tentar reverter esse processo é o desmatamento negativo, onde deveriam ser interrompidos quaisquer desmatamentos, qualquer corte de vegetação e a tentativa de recompor a biomassa vegetal. Será que é possível em um mundo voltado ao crescimento econômico para obtenção de lucro? https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/deutschewelle/2023/12/10/relatorio-alerta-sobre-pontos-de-nao-retorno-no-clima.htm

 

- Técnicos do Ibama elaboraram uma lista com a recomendação ao Presidente Lula de seis vetos ao texto da chamada “PEC do Veneno”, aprovado pelo Senado no dia 28 de novembro. O MMA declara que endossa a posição apresentada pelo Ibama e prepara hoje uma nota técnica neste sentido. O principal pleito do Ibama é a manutenção dos critérios técnicos e científicos que embasam a liberação e fiscalização dos agrotóxicos. O texto aprovado no Senado retira do Ibama e da Anvisa a função de analisar impactos à saúde e ao meio ambiente, em casos de agrotóxicos já registrados que venham a sofrer algum tipo de alteração em sua composição química. Essa atribuição passaria a ser exclusiva do Ministério da Agricultura (Mapa). O Ibama também requer a derrubada de uma regra que condiciona ao Mapa a adoção das medidas de segurança. Segundo o artigo 31 do texto aprovado no Senado, se for constatado que um produto causa potenciais danos ao meio ambiente ou à saúde humana, sua restrição, suspensão, cancelamento ou proibição somente poderá ser efetivada caso existam outros “produtos substitutos”, elencados pelo Ministério da Agricultura. No que diz respeito a embalagens de agrotóxicos, o texto aprovado no Congresso (artigo 41º) dispensa a necessidade de o fabricante gravar informações de modo indelével, ou seja, com rótulos em relevo, impossíveis de serem removidos sem danificações. Por fim, algo que nos diz respeito diretamente no GAC, os agrotóxicos e seus componentes só podem ser produzidos, comercializados e utilizados, se previamente registrados conforme as diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio ambiente e da agricultura. A nova lei (artigo 4º) altera esse entendimento e diz que, agora, serão proibidos apenas os produtos que apresentarem um “risco inaceitável”, abrindo espaço para um tipo de tolerância ao risco. Algo como retirarmos o limite de risco para TCE porque as evidências não são fortes o suficiente. Esperamos que o Presidente siga as recomendações do Ibama e vete esses artigos, e que o Senado não derrube esses vetos. Aliás, você lembra em quem você votou para Senador nas duas últimas eleições? Ele ou ela é a favor ou contra a PEC do Veneno? https://reporterbrasil.org.br/2023/12/pl-do-veneno-ibama-pede-a-lula-seis-vetos-essenciais-a-nova-lei-dos-agrotoxicos/

 

- Marina Silva, no Ex-Twitter, presta uma homenagem muito bonita àquele que foi o grande patrono do ambientalismo de toda uma geração (a minha) que começou a compreender a crise ambiental e, mais que isso, o entrelaçamento dessa luta ambiental com a luta social. Essa semana Chico Mendes completaria 79 anos de vida e faz também 35 anos do seu assassinato. Chico Mendes, mais que “somente” um defensor da floresta, era um defensor dos povos da floresta, com uma enorme consciência ambiental e política e a clareza que essas lutas caminham juntas e a saída para as crises é coletiva. Sua frase célebre, que se tornou famosa e é válida até hoje, em tempos de ESG, que é “Ecologia sem luta de classes é jardinagem”. Vale lembrar que Marina Silva foi “aprendiz” de Chico Mendes, nos seringais de Xapuri, no Acre. Marina, nessa bela homenagem, diz que: “Chico permanece uma fonte de inspiração e de ensinamentos, fornece valores e critérios que orientam o nosso trabalho. Sua poronga ainda alumia nossos caminhos. E cá na intimidade do coração, a lembrança de seu sorriso amistoso depois de uma boa fala numa reunião, continua me incentivando a sonhar com o futuro.” https://twitter.com/MarinaSilva/status/1735814137043730729?t=qLWBOXXHIv7_8nGnheR2xQ&s=08

 

- Sobre esse tema, derivando para o Decrescimento, recomendo essa palestra do jovem professor Eduardo Sá Barreto em um evento online do Instituto de Economia da Unicamp. Muito interessante e esclarecedor: https://www.youtube.com/watch?v=AcyY-yVyALg

 

- Gostaria de trazer, como última notícia do ano, a Comemoração dos 75 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nos últimos anos, isso tem sido confundido com “defender o crime”, mas todo o ser humano deveria saber que não é nada disso. Mais: todo o ser humano deveria defender e comemorar que temos essa Declaração Universal que é somente o mínimo de dignidade para uma pessoa. Nas palavras de Leonardo Sakamoto, Direitos Humanos é: garantir que ninguém passe fome, que crianças não precisem trabalhar para ajudar a sustentar a família, que idosos não sejam deixados para morrer à própria sorte, que pessoas não vivam sem um teto, que ninguém precise ter medo de ser assassinado, que não exista exploração sexual de crianças e adolescentes, que ninguém seja escravizado, que a migrantes pobres seja garantida a mesma dignidade conferida a migrantes ricos, que todas as crenças sejam respeitadas e a não-crença também, que a liberdade de expressão seja respeitada, que mulheres não sejam estupradas, que não exista racismo, que ninguém tenha medo de morrer por sua identidade ou por amar alguém, que todos tenham acesso à água potável (grifo meu), a um ar respirável e a um planeta habitável, que qualquer um possa abrir um negócio se quiser, comprar uma casa, frequentar uma associação, eleger ou ser eleito. Nada menos que isso. Afinal, diz o Artigo 1º da Declaração: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais". Que assim seja em 2024. https://brasil.un.org/pt-br/255231-declara%C3%A7%C3%A3o-universal-dos-direitos-humanos-completa-75-anos

 

 

Hoje quero terminar a Newsletter com uma canção que pretende deixar uma mensagem de esperança e um convite à reflexão do porque fazemos o que fazemos e porque devemos continuar levantando e lutando todos os dias. Estamos no final de um ciclo e necessitamos dessa esperança para, no próximo ciclo, melhorarmos, evoluirmos, fazermos o possível para deixarmos o nosso legado para o planeta, para as futuras gerações e, fundamentalmente, para nós mesmos, pois a vida é uma bela jornada que temos o privilégio de percorrer. E, por mais que a vida tenha nos pregado peças em alguma etapa da jornada, devemos lembrar sempre que Amanhã será um novo dia, um lindo dia. E será pleno!!!! Essa canção é bastante significativa para mim, especialmente nesse ano que se encerra.  O ano começou com essa música na minha cabeça e termina com ela na ponta dos meus dedos, digitando a recomendação para as pessoas queridas que nos leem todas as semanas. Até “Amanhã”.

 

Amanhã (Guilherme Arantes)

Amanhã será um lindo dia

Da mais louca alegria

Que se possa imaginar

 

Amanhã, redobrada a força

Pra cima que não cessa

Há de vingar

 

Amanhã, mais nenhum mistério

Acima do ilusório

O astro rei vai brilhar

 

Amanhã a luminosidade

Alheia a qualquer vontade

Há de imperar, há de imperar

 

Amanhã está toda a esperança

Por menor que pareça

O que existe é pra vicejar

 

Amanhã, apesar de hoje

Ser a estrada que surge

Pra se trilhar

 

Amanhã, mesmo que uns não queiram

Será de outros que esperam

Ver o dia raiar

 

Amanhã ódios aplacados

Temores abrandados

Será pleno, será pleno

 

Versão Ao Vivo: https://www.youtube.com/watch?v=c29McuGfycA

Versão mais moderna, com Ráae e Ana Vilela: https://www.youtube.com/watch?v=mhvjF3CuquI

Versão de Caetano: https://www.youtube.com/watch?v=VQpgm2yjpzo

 

 

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