Newsletter ECD #179

Essa é a Newsletter #179, enviada em 10/12/2023, a penúltima do ano!!!!

 

A nossa Newsletter, junto com o nosso Podcast Áreas Contaminadas, cumpre um papel de dar poder pelo conhecimento, trazendo informações, conteúdos, textos, temas, dicas e notícias sobre Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC), e também notícias sobre meio ambiente, saúde, filmes, livros, músicas e teorias para adiar o fim da humanidade, sempre com comentários com o objetivo central de construir um mundo melhor para todas e todos.

Se alguém quiser compartilhar a nossa Newsletter, pode mandar o link para preenchimento do formulário de inscrição, que é esse: https://forms.gle/wJoFfUzv9vSkw19g7 .

Algumas das Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br).

E também, graças ao nosso amigo José Gustavo Macedo, nossa Newsletter está sendo publicada também no site do Sigesp – Sindicato dos Geólogos do Estado de São Paulo, o que é motivo de muita honra para nós!!!! Vejam lá a Newsletter #175 e algumas anteriores

https://sigesp.org.br/noticias/newsletter-ecd-175

Essa semana tivemos a honra de receber mais 1 nova inscrição aqui na Newsletter da ECD. Somos atualmente em 768!!!! Seja bem-vinda, Jessica!!!!

 

Gostaria de relembrar que temos uma campanha no “Apoia.Se”, que é muito importante pra gente, pois ela nos ajuda a manter gratuitos os nossos canais de divulgação científica nessa Newsletter e no Podcast Áreas Contaminadas. A campanha, para quem quiser e puder contribuir voluntariamente conosco está no site http://apoia.se/ecdambiental

É simples e rápido, você faz um login na plataforma e escolhe como fazer esse pagamento, com boleto, cartão, etc. Mensalmente o Apoia.se faz essa cobrança; se for por boleto, a plataforma te envia os boletos mensalmente.

 

Aproveitando, agradeço aos apoiadores e às apoiadoras atuais, principais responsáveis pela manutenção dos nossos canais de divulgação gratuitos. Sem a ajuda deles, dificilmente seria possível dedicar todo esse tempo à pesquisa, produção e o desenvolvimento do material gratuito do podcast e dessa Newsletter. Muito obrigado a vocês!!!

 

Essa semana, tivemos a honra de receber mais um apoio, o da Renata Machado Lima. A Renata sempre nos manda excelentes dicas, opiniões e comentários e agora se torna, também, colaboradora financeira. Em nome de toda a família ECD e em nome das pessoas que nos leem, ouve, aprendem, ensinam, enfim, tentam construir um mundo melhor,  muito obrigado e bem-vinda à nossa COMUM-UNIDADE.

 

Ábila de Moraes, Alison Dourado, Allan Umberto, André Souza, Atila Pessoa, Barbara Grossi, Beatriz Lukasak, Beatriz Ramos, Bruna Fiscuk, Bruno Balthazar, Bruno Bezerra, Cristina Maluf, Daiane Teixeira, Daniel Salomão, Danilo Tonelo, Diego Silva, Fabiano Rodrigues, Fernanda Nani, Filipe Ferreira, Geotecnysan, Gilberto Vilas Boas, Guilherme Corino, Heitor Gardenal, Heraldo Giacheti, Hermano Fernandes, Igeologico, Jefferson Tavares, João Paulo Dantas, João Lemes, Jonathan Tavares, José Gustavo Macedo, Joyce Cruz, Larissa Macedo, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Lilian Puerta, Luana Fernandes, Luciana Vaz, Luiz Ferreira, Marcos Akira Ueda, Marina Melo, Nádia Hoffman, Paulo Negrão, Pedro Astolfi, Rafael Godoy, Rafael Sousa, Renato Kumamoto, Rodrigo Alves, Rodrigo Gaudie-Ley, Silvio Almeida, Sueli Almeida, Tamara Quinteiro, Tatiana Sitolini, Tatianne Grilleni, Tiago Soares, Vania de Oliveira, Wagner Rodrigo, Willem Takiya, e mais 7 apoiadores anônimos.

 

Nessa semana que passou, foi ao ar o Episódio #05 da Série Especial GAC para Hidrocarbonetos, dentro do Podcast Áreas Contaminadas, onde eu falo sobre Investigação do LNAPL. Esse tipo de episódio mais curto e “direto ao ponto” é importante para ajudar as pessoas, falando de temas que discutimos no SENAC, na ABNT, nas reuniões da AESAS, outros fóruns, Universidades, mas nem todo mundo têm acesso fácil, então, a ideia é intercalar as entrevistas, com esses episódios técnicos mais curtos.

Essa Série Especial, formada por episódios mais curtos, técnicos e “direto ao ponto”, fala sobre um tema que tem muita relevância dentro do GAC no Brasil, que são os hidrocarbonetos de petróleo. Esse tema foi a porta de entrada para muitos profissionais do GAC e dá pra dizer que praticamente criou o nosso mercado como um todo. Essa série tem o grande objetivo de aproximar essa grande e importante fatia do mercado com as mais recentes técnicas, metodologias, conceitos e abordagens, tentando fazer um diálogo entre a Ciência de ponta com a prática do dia a dia das investigações e remediações do GAC. A grande motivação para essa série foram os relatos que temos recebido falando que os órgãos ambientais do Brasil estão fazendo exigências mais específicas para o GAC em áreas com hidrocarbonetos. Essa série pretende ajudar os profissionais a ter essa capacitação de modo gratuito, ao mesmo tempo reciclar os conhecimentos de quem já está no mercado há um tempo.

Nesse quinto episódio da Série Especial, falamos sobre a definição de LNAPL, a diferença de conceito entre LNAPL e “fase livre”, e especialmente como investigar a fonte secundária, que é o LNAPL e o solo impactado por esse LNAPL, com os poros parcialmente preenchidos por LNAPL (o produto não fica “adsorvido” nas paredes dos poros, mas “sorvido”, por vários mecanismos no centro dos poros. Falamos sobre onde o LNAPL pode estar no meio subterrâneo: na zona não saturada (“empoleirado” sobre alguma camada menos permeável), na interface entre zona não saturada e zona saturada (na “franja capilar”, onde a saturação de LNAPL é máxima para aquele solo) e zona saturada (“trapeado”, imobilizado, muitas vezes alguns metros abaixo do nível de água). Ele pode ter mobilidade, portanto, tem saturação suficiente para se mover, e nesse caso é chamado de fase livre, ou pode ser imóvel, residual ou retido.

E falamos, principalmente, de como achar esse LNAPL, que, certamente não é com poços de monitoramento, como apontaram vários autores, entre eles Suthersan et al. (2015), McCall et al. (2018), Teramoto et al. (2019). Esses autores recomendam, para a identificação do LNAPL, o uso do UVOST, do OIP ou de amostragens de solo. Conto um pouco da história e da funcionalidade do UVOST e do OIP e, especificamente sobre amostragens de solo, eu explico sobre como fazer essa amostragem e como analisar as amostras em campo para se obter o máximo de informações que permitam elaborar um bom modelo conceitual da área com LNAPL. Espero que vocês gostem!!!!

 

Alguns artigos relevantes citados no episódio:

Suthersan et al. (2015): https://ngwa.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/gwmr.12099

https://sci-hub.se/https://ngwa.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/gwmr.12099

McCall et al. (2018): https://link.springer.com/article/10.1007/s12665-018-7442-2

 

Ainda sobre essa Série Especial, para quem ainda não ouviu todos os episódios, uma pequena retrospectiva:

No 1º episódio falei sobre a história da preocupação com a contaminação decorrente de vazamentos de hidrocarbonetos no solo. Falei sobre o programa UST dos EUA que baseou os procedimentos iniciais de reformas em postos de combustíveis e de investigação dos passivos ambientais que, no Brasil, iniciou na Câmara Ambiental do Petróleo e que culminou com a Resolução Conama 273 do ano 2000 e consequente resolução SMA 005, de 2001, que efetivamente regulamentou o licenciamento ambiental de postos de combustíveis no estado de SP, que foi o “Big Bang” para o GAC.

No segundo episódio, falei como o hidrocarboneto efetivamente contamina o meio, solo e água subterrânea. Quais são os processos que ocorrem, tentando olhar mais para o nível micro, para os poros do solo, para ajudar todo mundo a entender porque devemos mudar o entendimento, as abordagens, e até as metodologias de gerenciamento, investigação e remediação de áreas com hidrocarbonetos.

No 3º episódio, falamos do começo do processo de investigação de áreas contaminadas, a Avaliação Preliminar. Para o caso específico das áreas com hidrocarbonetos, há algumas fontes potenciais e suspeitas muito conhecidas, como as bombas e os tanques, mas há muitas outras. O nosso convidado Felipe Nareta explicou tudo isso muito bem, dando subsídios para uma boa preliminar em um posto de combustíveis ou outra área com tanques subterrâneos com combustíveis líquidos.

Já no 4º episódio dessa série, falamos sobre o complemento da Avaliação Preliminar, o Screening. Os métodos de screening devem ser propostos ao final da Preliminar, quando houver dúvidas sobre a localização das fontes primárias ou secundárias. Historicamente, o único screening feito na área de postos era a velha malha de VOC, ou Soil Gas Survey. Esse é um método inadequado para essa finalidade, porque fornece falsos positivos ou, pior, falsos negativos, porque a medição é feita no momento da perfuração, o que gera muitas incertezas sobre de onde está vindo o ar que está sendo medido no equipamento. Para um screening mais adequado, recomendamos os amostradores passivos, os poços temporários de vapor com medição periódica com PID ou com análise química, em campo ou em laboratório.

 

Episódio no YouTube: https://www.youtube.com/watch?v=APAxfyMs9gA

Episódio no Spotify: https://open.spotify.com/episode/67QETSoNFtYoIMjjLpMrz6?si=R2xZlZEISBuCMN1bTFuvWg

 

Na próxima semana, voltaremos aos Episódios “normais”, e no Episódio #173, o penúltimo do ano, mostrarei uma conversa muito legal com Daniel Rocha, Geólogo, atualmente Coordenador de Projetos na Servmar. Foi uma conversa muito legal, que inclui evolução técnica do mercado, das consultorias e dele próprio, além de pitadas de dicas de guitarra. Não percam!!!!!

 

Como eu falei do penúltimo, já vou avisar que, dia 21/12 irá ao ar o Episódio Especial de fim de ano do Podcast Áreas Contaminadas!!! Será um episódio realmente muito especial, aguardem!!!!

 

O Nosso Podcast Áreas Contaminadas tem o patrocínio Master da Clean Environment Brasil (www.clean.com.br ), e o Patrocínio Ouro do Laboratório Econsulting (http://econsulting.com.br/) e da Vapor Solutions (www.vaporsolutions.com.br)

 

Semana passada falei aqui sobre o caso da Braskem de Maceió, com um resumo básico do caso, da situação atual e alguns comentários. Durante a semana recebi algumas mensagens, a maior parte elogiando os comentários e as reflexões que esses despertaram nas pessoas, a quem agradeço demais!!!! Recebi algumas alertando para um ponto ou outro divergente, a quem agradeço muito também. E recebi alguns questionamentos interessantes.

O primeiro deles: é inegável que a Braskem, como empresa, nos últimos anos, tem feito inúmeros avanços na questão ambiental como um todo, com ações de sustentabilidade importantes, inclusive com muitos trabalhos na área do GAC que não são muito fáceis de vermos por aí. Com casos complexos sendo conduzidos, gerenciados e um grau elevado de exigência técnica. É justo que a empresa seja retirada do índice de sustentabilidade empresarial (ISE) da bolsa? Há, na minha opinião, duas formas de encarar essa questão: a primeira é entender que o mundo das corporações, esse sistema que estamos vivendo é determinado e dominado por questões nem sempre reais, nem sempre tangíveis e o “valor da marca”, a “imagem” vale mais que índices que, aliás, são criados pelas próprias corporações, na maior parte das vezes para “maquiar” o fato que a razão de existência delas é o lucro, e esse é, em si mesmo, prejudicial ao planeta. Seja como for, como questão de imagem, é um absurdo uma empresa cuja ação afundou parte de uma cidade inteira seja considerada sustentável, ainda que esteja fazendo todo o possível para minimizar o impacto e que esteja fazendo outras ações ambientais positivas. Desta forma, é correto que ela seja, momentaneamente, enquanto a situação está quente, retirada do índice. A Samarco, a Vale, a Hydro, e outras que causaram grandes problemas ambientais, já estão confortavelmente no ISE após baixada a poeira.

O segundo modo de ver: acho, sinceramente, que não deveria ser retirada do ISE. Porque esse é um índice que não significa muita coisa. É algo somente para que o capitalismo dê a impressão que os problemas do planeta são causados por alguns “malvados” que não seguem as normas de ESG, de ISO14000, de sustentabilidade conduzida por índices, que não separam o lixo, que não consomem produtos “ecologicamente corretos”, que tomam 3 banhos por dia, e não que sejam causados pelo próprio capitalismo. Se houvesse uma consciência global sobre quem realmente causa a crise climática e civilizacional, esses índices seriam extintos, por serem obsoletos e não representarem a realidade. Mas, como isso não vai acontecer tão cedo, dentro da lógica atual, acho que a Braskem, tanto quanto a Vale, a Samarco, a Shell, Exxon, DuPont (Corteva), 3M, Monsanto (Bayer), e muitas outras, devem continuar no ISE, afinal, foi criado por elas e para elas mostrarem que lutam pelo bem da humanidade, e não pelo lucro. Obviamente é uma ironia, mas o fato é que a Braskem faz o mesmo que essas outras: tanto as boas ações de sustentabilidade quanto a exploração da natureza (e da mão-de-obra) para a sua razão de existência: o lucro e a acumulação. Se as outras podem, ela também pode.

Outro questionamento interessante é se as indústrias que compraram sal-gema da Braskem não seriam também corresponsáveis pelo problema. É algo interessante e dá o que pensar. Na minha opinião de leigo, sim, são corresponsáveis. Não sei como funciona a questão legal, se alguém souber, aceito opiniões, mas seria algo realmente impactante.

 

Por conta dos muitos compromissos da semana que passou, essa Newsletter será um pouco mais curta, mas traremos as principais notícias e reflexões da semana:

 

Vamos agora às notícias da semana:

 

Recebi essa semana algumas contribuições muito legais de: Manoel Riyis Gomes, Lucas Venciguerra, Guilherme Corino, Willem Takiya. Obrigado, pessoal!!! Fico orgulhoso de ter tanta gente boa contribuindo com nosso “espalhamento” aqui!!!  Quem identificar erros ou falhas, ou quem tiver dicas, críticas, sugestões para dar, por favor, me mande, para rechearmos esse espaço com as ideias de vocês.

 

- Recebi, nessa última semana, algumas vagas de emprego para divulgar: EBP (Estágio), Arcadis (Analista Pleno entre outras vagas). Soube também de outras vagas não anunciadas em muitas outras consultorias, se você é um profissional da área, recomendo que entre no site da AESAS e entre em contato diretamente com as empresas associadas (www.aesas.com.br). As vagas que recebo ou vejo, compartilho imediatamente no nosso Canal do Telegram (https://t.me/areascontaminadas)

 

- O Centro Universitário SENAC abriu as inscrições para o Processo Seletivo para a 11ª turma do curso de Pós-Graduação em Remediação de Áreas Contaminadas (RAC). O curso tem duração de 1 ano, com aulas aos sábados (parte presencial, parte online, mais ou menos metade cada) e um dia da semana (terça ou quinta, essas aulas sempre online). Sou suspeito para falar, mas é um curso muito bom, especialmente para quem já é do mercado, tem um certo conhecimento no GAC e quer se aperfeiçoar na etapa de Remediação. Também recomendado para profissionais que têm bastante experiência com sistemas de remediação e/ou de tratamento de efluentes e querem entender “o todo” da Remediação. A coordenação é do meu amigo Rodrigo Cunha, conta com a minha participação e auxílio, e conta com um corpo docente quase todo de pessoas muito ativas no mercado de GAC, especificamente na Remediação. Informações, preços, descontos e inscrições no site https://www.sp.senac.br/pos-graduacao/pos-em-remediacao-de-areas-contaminadas

 

- Na Sessão PFAS de hoje, Ia Ross traz uma notícia muito impactante, vinda da Suécia, que terá reflexos por aqui a médio prazo: O Supremo Tribunal Sueco decidiu que cerca de 150 residentes em Ronneby, que, pela ingestão da água, fora detectados elevados níveis de PFAS no sangue, por isso, sofreram danos no sentido da lei de responsabilidade civil daquele país. A água potável do sistema hídrico de Brantafors, no município de Ronneby, continha níveis muito elevados de PFAS. Isso veio da espuma de combate a incêndios usada em treinamentos. Mais de 150 moradores entraram com uma ação judicial contra a companhia municipal de água e solicitaram que o tribunal determinasse que a empresa fosse obrigada a indenizá-los por danos pessoais. A ação foi baseada na Lei de Responsabilidade do Produto. De acordo com essa lei, os danos devem ser pagos por danos pessoais porque um produto (água de consumo) causou devido a uma falha de segurança. Os danos podem referir-se a custos, perda de rendimentos e sofrimento físico ou mental que o dano pessoal provocou. O tribunal distrital aprovou a ação. O Tribunal de Recurso chegou à conclusão de que os elevados níveis de PFAS no sangue dos residentes significam que estes correm um risco aumentado de sofrer de certos efeitos negativos para a saúde. Segundo o Tribunal de Recurso, este risco de problemas futuros não constituía um dano pessoal, portanto, rejeitou o pedido. O Supremo Tribunal observa que o risco de ocorrência de um dano à saúde no futuro não pode, em princípio, ser considerado por si só como dano pessoal. Ao contrário do Tribunal de Recurso, no entanto, o Supremo Tribunal considera que a investigação fornece apoio suficiente para concluir que tal condição de dano já ocorreu em cada um dos recorrentes sob a forma de níveis elevados de PFAS no sangue. Em consequência, considerou que os recorrentes sofreram danos pessoais. A avaliação do tribunal é que os elevados níveis de PFAS que os residentes têm no sangue significam uma deterioração física tão considerável dos seus corpos que sofreram um dano à saúde que, no sentido da lei de responsabilidade civil, é um dano pessoal, conclui o juiz. https://www.linkedin.com/posts/ian-ross-47831b24_h%C3%B6gsta-domstolen-meddelar-dom-i-pfas-m%C3%A5let-activity-7137812089816899585-YTWi

 

- Dica muito interessante de Willem Takiya para quem gosta de Podcasts em inglês: Esse episódio do Water Resources Podcast mostra, além de outras coisas, como a explotação de água subterrânea tem um pequeno papel no aumento do nível dos oceanos, análoga ao aumento de CO2 na atmosfera, pois tiramos algo que está há muitos milhares ou milhões de anos sob a superfície e trazemos para a superfície do planeta. Certamente há efeitos. O entrevistado é o grande hidrogeólogo Lenny Konikow, do USGS e Editor Chefe da Revista Ground Water. https://open.spotify.com/episode/3aBBp2hhQuQoqpaiBWopIh?si=sEOaQzRiTwCH8axLn3hJTA&nd=1&dlsi=df4bddd49f43400f

 

- Estamos falando há muito tempo de desigualdade que acarreta em injustiça ambiental, mais modernamente chamada de racismo ambiental. Certamente isso nos impacta muito, mas, quando vemos uma notícia como essa, essa desigualdade é jogada na nossa cara com toda a força e dá uma “humanidade” à notícia, e nos faz pensar ainda mais. A reportagem mostra dados que indicam que a expectativa de vida nos bairros periféricos, como o distrito Anhanguera, zona norte de São Paulo, é 23 anos a menos que no Itaim Bibi (59 anos contra 82). Ou seja, um morador de Anhanguera tem sua vida encurtada pela desigualdade. Por que ele deve viver 23 anos a menos que o morador do Itaim? Ele não tem direito a uma vida digna como os outros? Os moradores desse bairro são afetados desproporcionalmente (muito desproporcionalmente) por todas as mazelas, ambientais, econômicas, sociais e, porque não, de governança. De todos os indicadores socioeconômicos, a expectativa de vida, para mim, é a mais impactante. É como se o nosso modelo de sociedade matasse essas pessoas antes da hora, por conta das políticas públicas que faz, ou que deixa de fazer. Além de Anhanguera (aliás, é muito ilustrativo que o bairro tenha o nome da pessoa que se dedicou a assassinar, torturar, massacrar e escravizar as pessoas menos favorecidas, como as pessoas negras e os indígenas no Século XVIII), os bairros de Marsilac (sul), Iguatemi e Cidade Tiradentes (leste) têm esses índices baixos de expectativa de vida. Se existe algo para nos indignarmos, é esse tipo de coisa. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/11/27/morador-bairro-nobre-sp-vive-mais-quem-mora-periferia.htm

Semana que vem falaremos um pouco melhor sobre o tema, enquanto isso, se tiverem ânimo, vejam o Mapa da Desigualdade, elaborado pela Nossa São Paulo, com dados e infográficos interessantíssimos: https://www.nossasaopaulo.org.br/wp-content/uploads/2022/11/Mapa-da-Desigualdade-2022_Tabelas.pdf

 

- Recentemente vimos muitas notícias sobre o enorme problema de Maceió. Esse problema ofuscou outro problema, um pouco menor, mas igualmente grave, que ocorreu no final de novembro, em Gramado-RS (dica de Manoel Riyis). A Defesa Civil do município evacuou um bairro inteiro após imensas rachaduras surgirem no chão em Gramado. Os mais de 150 habitantes do bairro estão sendo aconselhados a se dirigirem à casa de familiares e amigos. Isso teve início com o colapso do asfalto na Avenida Perimetral, resultando numa fenda extensa de aproximadamente 150 metros. Esta ocorrência, alerta a Defesa Civil, aumenta o risco de desmoronamento de uma encosta e potenciais deslizamentos de terra na região circundante. Pelo menos um prédio caiu e a instabilidade do solo permanece elevada. Segundo um geólogo amigo, essas movimentações de massa são quase um movimento de “escoamento” de massas superficiais de solos em relevos de declividade média. Atingem áreas enormes e são comuns em solos turfosos no sul. Acontecem quando de chuvas muito intensas, o que aconteceu na região. https://www.terra.com.br/noticias/bairro-inteiro-e-evacuado-apos-imensas-rachaduras-surgirem-no-chao-em-gramado,67992f985a338e5ee20dfde1c5e88242kl9g3242.html

 

- Reportagem do Observatório de Mineração mostra que há 155 processos abertos no Brasil para exploração de sal-gema, de acordo com a ANM (Agência Nacional da Mineração). O estado mais visado é o Espírito Santo. São mais de 80 requerimentos ativos em diversas cidades, com destaque para o norte do Estado, especialmente Conceição da Barra, São Mateus, Linhares e Aracruz, com jazidas consideradas as maiores da América Latina, com reservas totais estimadas em 20 bilhões de toneladas, mais de 50% das reservas conhecidas do Brasil. Explorado em profundidades que podem chegar a 2 mil metros, o sal-gema é usado para produzir PVC, cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio e na composição de produtos farmacêuticos, nas indústrias de papel, celulose e vidro, e em produtos de higiene, como sabão, detergente e pasta de dente.   https://observatoriodamineracao.com.br/alem-da-braskem-brasil-tem-155-processos-ativos-para-exploracao-de-sal-gema/

 

- Sobre a situação da Braskem, começando por essa notícia: o Governo de Alagoas, diferente da Prefeitura de Maceió, está multando a Braskem em 72 Milhões de reais pelos danos causados pela mineração de sal-gema, sendo mais de 2 milhões especificamente por desrespeitar a licença de operação, pois a Braskem teria omitido por alguns dias, a perda de um sensor no interior da Mina 18 decorrente do colapso dessa mina. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/12/05/alagoas-multa-braskem-afundamento-solo-mina-18-maceio.htm

 

- A Lagoa Mundaú começa a avançar sobre a área da mina que está em colapso, podendo potencializar o afundamento que já passou de 2 metros. https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2023/12/07/lagoa-braskem-afundamento-solo.htm

 

- Falamos aqui na época, mas agora, essa notícia volta à tona: Em 20 de julho de 2023, a Braskem firmou com a prefeitura de Maceió um acordo que garantia à cidade a indenização de R$ 1,7 bilhão de ressarcimento em razão de afundamento do solo de bairros da cidade. Segundo nota divulgada pela prefeitura à época, os recursos seriam destinados à realização de obras estruturantes na cidade e à criação do FAM (Fundo de Amparo aos Moradores), e deixaria a responsabilidade para a Prefeitura. O pagamento de R$ 1,7 bilhão foi “reconhecido e declarado pelo município como suficiente para sua reparação integral, englobando compensação, indenização, honorários e/ou ressarcimento por todos e quaisquer danos diretos e indiretos, patrimoniais e extrapatrimoniais”. Claro que isso não daria certo, e o acordo está sendo revisto judicialmente.

https://www.poder360.com.br/meio-ambiente/leia-a-integra-do-acordo-entre-a-braskem-e-a-prefeitura-de-maceio/

https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/prefeitura-de-maceio-pede-a-braskem-revisao-de-acordo/

 

- Agora vem uma indicação de Guilherme Corino para o que eu acho que é uma das notícias mais absurdas da semana: mesmo com os prejuízos declarados de R$ 3 Bilhões, mesmo com os problemas de Maceió, mesmo com os danos quase irreversíveis à imagem da empresa, a Braskem eleva os pagamentos de bônus a diretores e conselheiros, chegando a R$ 85 Milhões!!!! . O alto escalão da Braskem, formado por seis membros da diretoria estatutária e por 11 membros do conselho de administração, recebeu mais do que o comando da Petrobras, do Banco do Brasil, da Itaúsa (holding que controla o Itaú) e da Gerdau em 2022. Essas empresas tiveram lucros bilionários no ano passado: R$ 188,3 bilhões (Petrobras), R$ 31 bilhões (BB), R$ 13,7 bilhões (Itaúsa) e R$ 11,4 bilhões (Gerdau). A Braskem disse que a remuneração dos administradores "segue padrões de mercado”, o que eu, sinceramente, não duvido, pois é sempre assim, os prejuízos são do governo, da sociedade, dos trabalhadores (com certeza), talvez dos acionistas, mas quase nunca dos diretores, CEOs, etc. O pagamento aos altos executivos vem crescendo pelo menos desde 2018. Até agora, o auge dos desembolsos foi em 2021, quando a petroquímica teve lucro de R$ 14 bilhões e pagou R$ 74 milhões à alta cúpula. Como sabemos, há muitas notícias, inclusive algumas divulgadas aqui, que a indústria química e petroquímica brasileira está passando por uma crise, e essa crise levou a uma derrubada no setor do GAC decorrente da paralisação de muitos projetos ligados a essas indústrias químicas. Agora vemos que a crise é só para parte da empresa, a outra parte mantém, e até aumenta seus ganhos. Imaginem quantos sistemas de remediação, quantas sondagens, quantas análises químicas, quantas horas de consultoria daria para serem pagas com os 85 milhões dos bônus. Eu me lembro de uma vez, lá por 2016, que recebemos um pedido de cotação para fazer umas sondagens e instalar uns poços em uma indústria no ABC. A pessoa da consultoria, defendendo seu cliente, me disse para rever os preços e os prazos de pagamento, porque “eu tinha que entender o lado da indústria, coitada, que estava passando por uma crise...”. Fiquei bastante indignado na época, com a indústria, primeiro porque a “crise” dela é muito diferente da nossa crise aqui, segundo que, por mais prejuízo que tenham, os sócios, acionistas, etc têm muito mais grana que a consultoria, a sondagem, o laboratório e todo mundo que está lendo aqui somados. E terceiro, pela pessoa da consultoria que estava, à época, tão interessado em defender seu cliente que estava cego para essas questões óbvias. Certamente estava sofrendo e queria impor o mesmo sofrimento à cadeia do GAC, acreditando na história dos diretores.  Enfim, acho muito revoltante... https://www.acessa.com/economia/2023/12/190941-braskem-sobe-pagamento-a-diretores-e-conselheiros-mesmo-com-registro-de-prejuizo-de-rs-3-bilhoes.html

 

 

 

Amigas e amigos, muito obrigado pela leitura. Acessem também nosso Canal do Youtube (https://youtube.com/c/ecdtraining ), Canal do Telegram, ficado em vagas de emprego (https://t.me/areascontaminadas ) Página no Facebook (https://www.facebook.com/ecdambiental ) e Perfil no Instagram (@ecdambiental). Mais uma vez peço que acessem o https://apoia.se/ecdambiental para vocês conhecerem melhor a nossa campanha e, se quiserem e puderem, contribuírem conosco

 

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