Essa é a Newsletter Especial #182, enviada em 21/01/2024
A nossa Newsletter, junto com o nosso Podcast Áreas Contaminadas, cumpre um papel de dar poder a vocês, não um poder mesquinho e individualista, que visa vencer ou subjugar o outro, mas um poder legítimo, coletivo, de construção, um poder cooperativo, que visa criar laços e pontes e dividir as conquistas com todo mundo. Um poder pelo conhecimento!!!
Tentamos fazer isso trazendo informações, dicas, conteúdos, textos, novidades e notícias sobre Gerenciamento de Áreas Contaminadas (GAC), mas não só sobre isso, também sobre meio ambiente, ambientalismo, economia, saúde, filmes, livros, músicas e teorias para adiar o fim da humanidade, sempre com comentários e o nosso olhar sobre essas informações.
Se alguém quiser compartilhar a nossa Newsletter com alguém, pode mandar o link para preenchimento do formulário de inscrição, que é esse: https://forms.gle/
Algumas das Newsletters anteriores estão no site da ECD (www.ecdambiental.com.br).
Graças ao nosso amigo José Gustavo Macedo, nossa Newsletter está sendo publicada também no site do Sigesp – Sindicato dos Geólogos do Estado de São Paulo, o que é motivo de muita honra para nós!!!! Vejam lá a Newsletter #180 e algumas anteriores
https://sigesp.org.br/
Nessa semana, tivemos mais 2 novas inscrições aqui na Newsletter. Bem-vindos e bem-vindas: Glaucia e Juan. Temos agora 780 assinantes nessa Newsletter, 780 leitores e leitoras que muito nos orgulham por ceder um pouco da sua atenção para ver a curadoria que fazemos das notícias mais importantes da semana. Para mim é um número muito expressivo, são muitas pessoas querendo saber o que temos para dizer, ouvir as nossas histórias, as nossas indicações. É um auditório grande lotado todas as semanas!!!! Em nome da família ECD, agradeço demais a companhia de vocês, que nos dão a força que precisamos para fazer esse trabalho todas as semanas.
Gostaria de lembrar que temos uma campanha no “Apoia.Se”, que é muito importante pra gente, pois ela nos ajuda a manter gratuitos os nossos canais de divulgação científica nessa Newsletter e no Podcast Áreas Contaminadas. A campanha, para quem quiser e puder contribuir voluntariamente conosco está no site http://apoia.se/ecdambiental
É simples e rápido, você faz um login na plataforma e escolhe como fazer esse pagamento, com boleto, cartão, etc. Mensalmente o Apoia.se faz essa cobrança; se for por boleto, a plataforma te envia os boletos mensalmente.
Aproveitando, agradeço aos 60 atuais apoiadores e apoiadoras atuais, principais responsáveis pela manutenção dos nossos canais de divulgação gratuitos. Sem a ajuda deles, dificilmente seria possível dedicar todo esse tempo à pesquisa, produção e o desenvolvimento do material gratuito do podcast e dessa Newsletter. Muito obrigado a vocês!!!
Ábila de Moraes, Alison Dourado, Allan Umberto, André Souza, Atila Pessoa, Barbara Grossi, Beatriz Lukasak, Beatriz Ramos, Bruna Fiscuk, Bruno Balthazar, Bruno Bezerra, Cristina Maluf, Daiane Teixeira, Daniel Salomão, Danilo Tonelo, Diego Silva, Fabiano Rodrigues, Fernanda Nani, Filipe Ferreira, Geotecnysan, Gilberto Vilas Boas, Guilherme Corino, Heraldo Giacheti, Hermano Fernandes, Igeologico, Jefferson Tavares, João Paulo Dantas, João Lemes, Jonathan Tavares, José Gustavo Macedo, Joyce Cruz, Juliana Mantovani, Leandro Freitas, Leandro Oliveira, Lilian Puerta, Luana Fernandes, Luiz Ferreira, Marcos Akira Ueda, Marina Melo, Nádia Hoffman, Rafael Godoy, Rafael Sousa, Renata Machado Lima, Renato Kumamoto, Rodrigo Alves, Rodrigo Gaudie-Ley, Silvio Almeida, Sueli Almeida, Tamara Quinteiro, Tatiana Sitolini, Tatianne Grilleni, Tiago Soares, Vania de Oliveira, Wagner Rodrigo, Willem Takiya, e mais 5 apoiadores anônimos.
Nessa semana, foi ao ar Episódio #176 do Podcast Áreas Contaminadas, onde conversei com Beatriz Ramos, Letícia Parreira e Viviane Leite, três jovens estagiárias, ou “recém-ex-estagiárias” do GAC. Beatriz é Gestora Ambiental, ex-estagiária da Orizon e Servmar, a Letícia é Cientista do Mar, Engenheira Ambiental e estagiária na Arcadis, e Viviane é Cientista Ambiental, estagiária na Sanifox. Elas contam como conseguiram as vagas de estágio (spoiler: às vezes é conversando em um bar), como descobriram a existência do GAC, quais as primeiras tarefas de um estagiário e o que as fizeram “virar a chave”, e passar de um amontoado de tarefas maçantes e alienantes para algo que “faz sentido”, que conversa com os propósitos de vida delas. Elas falam também das dificuldades dos trabalhos e do que elas acham que pode melhorar, basicamente: mais conversas, mais treinamentos sistemáticos, e fundamentalmente mais campo, mais mão na massa. Mas também contam que estão super contentes, pois o GAC tem uma grande relevância para o planeta e pode juntar a ciência, o mundo “acadêmico”, com o dia a dia, a prática, a mão na massa, a práxis, a intervenção direta no ambiente e na vida das pessoas. Elas, que entraram na Universidade a duras penas pensando em salvar o mundo, estão, pelo menos, ajudando a adiar o fim dele. Como vocês vão ver, o GAC terá excelentes talentos por muito tempo!!!!! Ouçam o episódio. Comentem, discutam, perguntem, debatam!!!! Espero que gostem.
Episódio no YouTube: https://www.youtube.com/watch?
Episódio no Spotify: https://open.spotify.com/
Na semana que vem, dia 25/01, teremos o Episódio #177 do Podcast Áreas Contaminadas. Nele, mostraremos uma conversa muito legal com Thiago Gomes, um dos sócios da Doxor, ex-Presidente da AESAS, Presidente da Câmara Ambiental de GAC, e muitas outras coisas. Thiago conta a sua trajetória de moleque-estagiário-maluco, Engenheiro de Automação, especialista em fazer projetos, painéis elétricos e eletrônicos e automação industrial, a fundar uma empresa própria, que se tornou uma das referências em sistemas de remediação do Brasil. Depois ele conta algumas particularidades da empresa, como funciona a divisão de tarefas, qual é o fluxo de trabalho e de como a tecnologia dos Processos Térmicos chegou até eles, a seguir, ele fala muitas coisas da AESAS, da evolução da associação em número de associados, em representatividade, e, especialmente, em importância, fazendo a interlocução do setor com vários atores, desde o Poder Judiciário aos órgãos ambientais, IBAMA, Congresso Nacional, Prefeituras e, claro, com a Cetesb na Câmara Ambiental do GAC, que merece um capítulo próprio, é muito interessante de ouvir como funciona uma Câmara Ambiental no estado de SP e o que a “nossa” está fazendo, produzindo, quem faz parte, essas coisas. Por fim, Thiago fala sobre capacitação profissional, necessidade de certificação de empresa ou outra forma de rastreabilidade dos dados produzidos e deixa várias mensagens importantes para o nosso futuro: devemos nos preparar para as novas demandas que certamente virão e que as pessoas são divididas em dois grupos: as que fazem acontecer e as que perguntam o que aconteceu. Qual desses grupos nós estamos? Não percam!!!!!
Como anunciamos na semana passada, agora em 2024 estamos com um patrocinador novo, a EBP Brasil, o que nos dá muito orgulho e aumenta a nossa responsabilidade, mas contamos com a ajuda de vocês!!!!! Mais uma vez, bem-vinda EBP Brasil e muito obrigado por nos ajudar a esperançar as pessoas!!!!!
O Nosso Podcast Áreas Contaminadas tem o patrocínio Master da Clean Environment Brasil (www.clean.com.br ), e o Patrocínio Ouro do Laboratório Econsulting (http://econsulting.com.br/), da Vapor Solutions (www.vaporsolutions.com.br) e agora também da EBP Brasil (https://www.ebpbrasil.com.br/
Vamos agora às notícias da semana:
Recebi essa semana, como sempre, algumas contribuições muito legais de: Manoel Riyis Gomes, Luiz Ferreira, Ariane Rodrigues, André Souza, Filipe Ferreira, Fabiano Rodrigues. Obrigado, pessoal!!! Fico orgulhoso de ter tanta gente boa contribuindo com nosso “espalhamento” aqui!!! Quem identificar erros ou falhas, ou quem tiver dicas, críticas, sugestões para dar, por favor, me mande, para rechearmos esse espaço com as ideias de vocês.
- Recebi, nesse início de ano, algumas vagas de emprego para divulgar: Ambipar Response (ex-Reconditec: várias vagas, como Analista de Projetos Mecânicos, Técnico em Automação, Auxiliar de Produção e Estágio em diversas áreas), Analista Ambiental – remoto (empresa sem identificação), CGA (Estágio), Seequent (Customer Sucess Manager), Walm (Consultor), Lets (Estágio), Ambsolution (Técnico de Campo). Soube também de outras vagas não anunciadas em muitas outras consultorias, se você é um profissional da área, recomendo que entre no site da AESAS e entre em contato diretamente com as empresas associadas (www.aesas.com.br). As vagas que recebo ou vejo, compartilho imediatamente no nosso Canal do Telegram (https://t.me/
- O Centro Universitário SENAC está com as inscrições abertas por pouco tempo para o Processo Seletivo da 11ª turma do curso de Pós-Graduação em Remediação de Áreas Contaminadas (RAC). O curso tem duração de 1 ano, com aulas aos sábados (parte presencial, parte online, mais ou menos metade cada) e um dia da semana (terça ou quinta, essas aulas sempre online). Sou suspeito para falar, mas é um curso muito bom, especialmente para quem já é do mercado, tem um certo conhecimento no GAC e quer se aperfeiçoar na etapa de Remediação. Também recomendado para profissionais que têm bastante experiência com sistemas de remediação e/ou de tratamento de efluentes e querem entender “o todo” da Remediação. A coordenação é do meu amigo Rodrigo Cunha, conta com a minha participação e auxílio, e conta com um corpo docente quase todo de pessoas muito ativas no mercado de GAC, especificamente na Remediação. Informações, preços, descontos e inscrições no site https://www.sp.senac.br/pos-
- A parceria AESAS/SENAC está com as inscrições abertas só por mais essa semana para um curso que foi muito procurado no ano passado: GAC para Iniciantes, voltado para o público que está há pouco tempo no GAC, para quem quer entrar no mercado, para quem faz estágio e quer entender o que é o GAC e para aquelas pessoas que trabalham em uma função específica (comercial, laboratório, amostragem, sondagem, remediação, desenho, dados, marketing, etc), e querem ter ideia do todo, da enorme complexidade do nosso mercado. O curso começará dia 30/01/2024 e será online, ao vivo, às terças e quintas, das 8:00-12:00, com 24 horas-aula de duração. Esse curso tem ainda uma particularidade interessante: ele custa a metade do preço de um curso regular da parceria SENAC/AESAS, justamente para ser mais acessível ao público-alvo. Informações e inscrições no site www.aesas.com.br/eventos . Aproveite e confira a Agenda de Cursos para 2024, tem muita coisa legal!!!!
- Outro curso muito legal que abriu as inscrições é o de Sondagem, Amostragem de Solo e Instalação de Poços de Monitoramento, com aulas teóricas online e aulas práticas, presenciais, no SENAC!!!!! Algo que faz tempo que não fazemos e que nos remete ao 1º curso dessa parceria, lá em 2017. Tenho também o prazer de coordenar esse curso e dar algumas aulas, com a companhia “luxuosa” de Nilton Miyashiro, Fernando Ferraz e Larissa Macedo e as máquinas e ferramentas da Engesolos. Será na última semana de fevereiro, aulas online na segunda e quarta das 8:00-12:00 e aulas práticas no SENAC na quinta e sexta, das 8:00-17:00. Para quem quer saber mais alguns truques de sondagem, de avaliação do solo em campo, de instalação de poços, será imperdível!!!! Também no site www.aesas.com.br/eventos
- Teremos muitos outros cursos vindo por aí, como o de Sustentabilidade Aplicada ao GAC em fevereiro, Direito Ambiental em março, e outros. Fiquem atentos, divulgaremos tudo por aqui
- A Association of Vapor Intrusion Professionals (AVI) dos EUA anunciou que irá ocorrer, em outubro de 2024, a 3ª Vapor Intrusion Conference, em Orange County uma conferência sobre intrusão de vapores, tema muito em alta no GAC dos EUA, rivalizando com a questão dos PFAS. Inclusive a chamada de trabalhos está aberta, que tiver trabalhos nesse tema e interesse (e condições) de apresentar, promete ser um evento muito legal. https://viconference.
- A EPA anuncia que reduziu seu “screening level”, ou seja, o valor de referência, para chumbo no solo em cenário residencial, fortalecendo as orientações para investigar a contaminação por chumbo no solo residencial. De acordo com a EPA, proteger as crianças da exposição ao chumbo é uma das principais prioridades da EPA. A toxicologia sobre o chumbo evoluiu para demonstrar que a exposição ao chumbo é prejudicial à saúde das crianças em níveis mais baixos do que pensávamos anteriormente. O Regional screening level (RSL) passou de 400 ppm para 200 ppm. Em propriedades residenciais com múltiplas fontes de exposição ao chumbo, as regionais da EPA devem utilizar um RSL de 100 ppm (por exemplo, linhas de abastecimento de água com chumbo, tinta à base de chumbo, áreas onde as concentrações do ar excedem os padrões nacionais de qualidade do ar ambiente [NAAQS]). O RSL de 100 ppm considera a exposição agregada ao chumbo e o risco aumentado para crianças que vivem em comunidades com múltiplas fontes de contaminação por chumbo. As regiões EPA também podem utilizar fontes de informação específicas do local (por exemplo, dados do departamento de saúde local ou sistema público de água local). Os “níveis de triagem” não são os níveis de risco a serem atingidos em uma reabilitação, por exemplo, que são calculados a partir de fatores específicos dos cenários específicos. Como resultado da mudança, espera-se investigar mais propriedades residenciais que possam levar a mais reabilitações e remediações de solo residencial de acordo com as leis do Superfund e do RCRA. Para obter detalhes sobre a Orientação para solo com chumbo residencial, veja os documentos:
https://www.epa.gov/system/
- Vi uma postagem no LinkedIn muito interessante de Andrew Cohen: ele chama a atenção para um documento muito interessante, escrito por ele e publicado pelo DOE (Departamento de Energia) do Office of Scientific and Technical Information (OSTI) em 1995. São 28 anos de idade, e ainda é um guia muito útil para quem vai pensar, projetar, conduzir remediações de águas subterrâneas em meios fraturados. Inclui descrições e comparação de diversas técnicas de caracterização de rochas fraturadas, incluindo importantes nuances de interpretação de dados que devem ser consideradas. De acordo com o resumo, um estudo de campo foi desenvolvido em Sierra Nevada, Califórnia, para desenvolver e testar uma abordagem multidisciplinar para a caracterização do fluxo e transporte de água subterrânea em rochas fraturadas. Nove sondagens foram feitas no granito local, e uma grande variedade de novas e tradicionais ferramentas de caracterização foram implementadas. A estrutura hidrogeológica e as propriedades do local de campo foram deduzidas pela integração de resultados de vários métodos geológicos, geofísicos, hidrológicos e outros métodos de investigação.Baixei o guia e achei muito interessante, recomendo que façam o mesmo!!!!! https://www.osti.gov/servlets/
- Uma dica muito legal de Luiz Ferreira: Uma apresentação da empresa Aquífero Serviços de Remediação falando de um estudo de caso bem interessante de remediação de área contaminada por gasolina, com uma dificuldade extra: aquífero com muita areia e próxima ao mar, portanto, com água salgada. https://www.dropbox.com/scl/
- A historiadora Audrey Millet escreveu a obra Le Livre Noir de la Mode em 2021 e no ano passado foi convidada a apresentar no Parlamento Europeu um relatório sobre a toxicidade das roupas que usamos no dia a dia. Na sequência, uma série de testes foram encomendados pela Comissão Europeia. Os resultados mostraram que uma a cada seis peças importadas da China chega na Europa impregnada de produtos tóxicos em índices superiores aos autorizados no bloco europeu, como agrotóxicos na origem das fibras e/ou como fungicidas para o transporte dos itens. Uma das principais razões que explicam essa poluição intrínseca das roupas e calçados é que 70% dos tecidos e outros artigos utilizados na sua fabricação são derivados do petróleo. Em 2021, mais de 60 milhões de toneladas de poliéster foram produzidas no mundo. Além disso, outros químicos, como ftalatos e derivados de cloro, são adicionados no procedimento para o conforto dos usuários, mas que podem causar danos à saúde. A indústria da moda despeja todo o ano 100 bilhões de novas peças de vestuário nas lojas. https://www.rfi.fr/br/
- Como complemento à notícia, leiam sobre o que ocorreu em 2013 em uma fábrica de tecidos que fornecia para as maiores confecções do mundo da moda, em Bangladesh. Um claro exemplo da externalização dos custos. Como em Bangladesh há menos exigências ambientais, trabalhistas, de saúde e segurança, é mais barato para a indústria da moda comprar tecidos de lá. Assim funciona o capitalismo, em especial o neoliberalismo globalizado. Nesse caso, os impactos são agudos e muito severos, pois 300 pessoas perderam a vida, mas há muitos impactos ambientais decorrentes desse pensamento, dessa prática. https://www.bbc.com/
- Uma dica sensacional do André Souza: Reportagem do Jornal da USP mostra como a mídia molda a nossa percepção sobre a Crise Hídrica no Brasil. Imaginem extrapolar isso para outros assuntos na nossa área ambiental, como: energias “renováveis”, “sustentabilidade”, “ESG”, carros elétricos, hidrogênio “verde” e outras maquiagens para tentar encobrir a essência, a raiz da crise, que é o nosso modelo econômico. Bom, mas isso é outra história. A reportagem diz que um artigo analisou mais de dois mil artigos de jornais para mapear narrativas sobre a escassez de água, entre elas, as focadas nas mudanças climáticas, na justiça hídrica, e aquelas com críticas à má gestão e à ideia de abundância de água no Brasil. O trabalho evidenciou que as narrativas observadas estão longe de serem neutras (como sempre, afinal, não existe neutralidade no discurso). “As narrativas sobre as mudanças climáticas, a escassez hídrica e outras questões importantes, como a pandemia, são produzidas em um contexto social e político, e cada grupo tem seus discursos predominantes, que muitas vezes acabam sendo os mais influentes nas tomadas de decisão”. https://jornal.usp.br/
- Uma notícia curiosa sobre um grupo de ativistas do Reino Unido chamado "Tyre Extinguishers" está atacando carros grandes, SUVs, cortando os seus pneus e deixando mensagens dizendo que é "impossível possuir um SUV nas áreas urbanas do mundo" e diz que faz isso "pelo clima, pela saúde e pela segurança pública". É algo que já vimos naqueles ativistas que “vandalizavam” obras de arte na Europa e se colavam aos locais. Um pouco de indignação legítima, um pouco de vontade de fazer algo para melhorar o planeta, uma pitada de voluntarismo da “Geração X”, um pouco preocupada demais com a imagem, com a “Instagramização” dos propósitos, bastante conteúdo “despolitizante”, que desconecta as demandas ambientais das demandas de base, que são as políticas, de classe, que questionam o modelo econômico. Esses protestos chamam a atenção, mas para algumas das consequências da crise ambiental e civilizacional, não para as causas e flertam com o conceito de “fascismo ambiental”, que colocam “nos humanos” a culpa pela crise, “nos humanos” de modo geral, ou seja, a culpa seria igualada entre a pessoa da África subsaariana, da pessoa do povo indígena da Amazônia e o Elon Musk, os maiores culpados são os países mais populosos, e assim por diante. É uma notícia curiosa, algo que chama a atenção, mas recomendo cuidado na análise. https://www.uol.com.br/carros/
- Conversei com uma amiga recentemente e ela me falou sobre um caso que, por coincidência, foi noticiado no UOL. Como vocês sabem, 5 bairros afundaram na cidade de Maceió-AL por conta da mineração de sal-gema da Braskem. Por causa disso, 60 mil moradores foram expulsos das suas residências em 2021. A Braskem indenizou essas pessoas, segundo os representantes, por valores abaixo do mercado. Acontece que essa indenização, ou seja, dinheiro na mão das pessoas, aliada a uma altíssima demanda por imóveis (60 mil pessoas procurando casa!!!!) levou a uma “inflação” dos preços dos imóveis em Maceió. No fim, da história, as pessoas, além de serem desalojadas das suas casas, com toda a perda não-financeira que isso traz, receberam uma indenização que não cobre nem os custos de comprar uma casa do mesmo padrão. Ou seja, a tragédia gerou aumento no valor dos imóveis, portanto, gerou lucro para quem era proprietário de imóveis, para quem já tinha bens, já era rico, lucro esse vindo do sofrimento das pessoas que foram atingidas. https://noticias.uol.com.br/
- Uma notícia impactante, que, infelizmente, achamos que vai se repetir muito daqui para frente: O governo do Níger expulsa empresa francesa que tinha monopólio da água e anuncia a criação de uma nova empresa estatal, a La Nigérienne des Eaux, que passará a controlar o fornecimento de água potável no país do noroeste africano, após encerrar o contrato com a empresa francesa Veolia, que tinha o monopólio do setor hídrico do país, por meio de sua subsidiária. A estatização colocou fim a pouco mais de 22 anos de hegemonia das empresas privadas francesas sobre o setor hídrico do Níger. Um relatório recente da Unicef mostra que o acesso à água potável e ao saneamento ainda é muito baixo no Níger, com grandes disparidades entre áreas urbanas e rurais e entre regiões. Ou seja, não há fornecimento de água, mas as grandes corporações mantinham o seu lucro intacto. Eventos semelhantes ocorreram nos últimos anos em outras nações africanas, como Mali, Burkina Faso, Guiné e Gabão. Haverá conflitos pela água em muitos lugares no mundo e esses conflitos serão mais intensos onde a água for privatizada. Em SP, como sabemos, há uma grande discussão sobre a privatização da água, na contramão de muitos lugares, que tendem a manter o controle da água a salvo da busca pelo lucro. https://operamundi.uol.com.br/
- Dentro desse tema de descarbonização, o Brasil atualmente é o 6º maior produtor de energia eólica do mundo. Está recebendo mais investimentos e em breve poderá se tornar um dos 4 maiores. Nosso país também ocupa a oitava posição no ranking dos maiores produtores de energia solar do mundo, de acordo com a Agência Internacional de Energias Renováveis (Irena). Isso é motivo de orgulho para os brasileiros, e especialmente para os ambientalistas, afinal, são fontes limpas, renováveis e sem os enormes impactos das hidrelétricas, certo? Bom, mais ou menos. Mais uma vez, a população pobre, negra, quilombola, indígena ou periférica é atingida desproporcionalmente, e pagam o custo da “descarbonização”, da “sustentabilidade” advinda das chamadas “fazendas de energia eólica” no semiárido brasileiro. Vejam essa notícia muito interessante da DW Brasil que fala sobre isso. A reportagem mostra os danos e transtornos causados pela proximidade de enormes turbinas aerogeradoras das casas das pessoas em vários lugares como Seridó-PB. O barulho é insuportável, bem como a poeira. A região de Serra de Santana tem um papel importante nesse contexto. Os ventos fortes e constantes sobre o platô elevado da serra, que se espalha sobre sete municípios, tornam a região atrativa para a instalação de aerogeradores. De 2016 a 2023, 20 parques eólicos entraram em operação na região, com uma potência total de 497 MW. O PIB anual de Bodó-RN, menor cidade da Serra de Santana, saltou de R$ 41,3 milhões em 2016 para R$ 300,4 milhões em 2018, após o início das operações de nove parques eólicos no município. Segundo o IBGE, o PIB per capita de 2021 foi de R$ 132 mil, três vezes maior que a média do Brasil. No entanto, a remuneração média dos trabalhadores formais do município naquele ano foi de R$ 2100, e mais de dois terços da cidade pertencem às classes D e E. Muita riqueza está sendo gerada ali, mas a renda não fica para os trabalhadores do local, como sempre. Mas os problemas, os passivos ambientais e sociais, esses são sempre desproporcionalmente maiores para quem mora por lá. Um médico local, que prefere não ser identificado, relata um aumento nos casos de doenças crônicas como a silicose. Como vemos, a energia limpa não é tão limpa assim.
Reportagem: https://www.dw.com/pt-br/
Vídeo da reportagem, muito interessante (só 3 minutinhos): https://www.youtube.com/watch?
- Alguns municípios estão discutindo o seu Plano Diretor. As revisões dos planos diretores devem ocorrer democraticamente, inclusive com audiências públicas e uma série de dispositivos para “garantir” a participação popular. E vocês podem imaginar os interesses econômicos que estão envolvidos nessas revisões dos planos diretores, especialmente em grandes municípios. Em Porto Alegre, essa questão está “pegando fogo”, com acusações de organizações populares que as empreiteiras estão tentando fraudar as eleições para os Comitês. São diversas notícias, de financiamento de transporte gratuito para eleitores a funcionários da empreiteira, com crachá e tudo, indo votar durante o trabalho. Nós, como sociedade, devemos participar desse tipo de discussão, não podemos deixar para os outros decidirem por nós, ainda mais as corporações, que têm interesse econômico no tema.
https://twitter.com/
- Uma dica de Filipe Ferreira, uma notícia que conta uma história absurda: em Goiás, um idoso sonhou que havia uma jazida de ouro sob a sua casa, na cozinha. Nada o demoveu da ideia de buscar desse ouro, então, ele resolveu escavar a cozinha como se fosse um poço cacimba, com 90 cm de diâmetro. Após 4 meses de trabalho, o furo estava com 40 metros e, como todo mundo aqui imagina, a escavação estava cada vez mais difícil, então, ele usava um martelete pneumático, além de ferramentas manuais. Por fim, o idoso de 71 anos acabou por escorregar na borda do furo, cair e, infelizmente, veio a falecer, sem encontrar ouro. https://noticias.uol.com.br/
- A Ministra Marina Silva, no (Ex) Twitter mostra uma dica interessante para abordar as tradições indígenas e a preservação ambiental com as crianças. O Laboratório de Pesquisa Linguagens em Tradução (Leetra), da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), lançou um jogo digital para contribuir com o processo de alfabetização e letramento, a partir dessa temática. O game chama “Kawã na Terra dos Indígenas Maraguá” e apresenta elementos culturais do povo Maraguá, que vive no Baixo Amazonas (AM). O roteiro retrata dois rituais de transição da infância para a vida adulta que são vivenciados pelo protagonista Kawã. A iniciativa é voltada para alunos e professores da educação infantil e ensino fundamental I. O jogo está disponível para download no link http://leetra.ufscar.br/pages/
- Para finalizar, uma história muito interessante em uma reportagem de Reinaldo José Lopes, autor, entre outras coisas, do livro 1499 – O Brasil Antes de Cabral, sobre as evidências das civilizações originárias antes da invasão europeia. Na reportagem recente, ele fala de novas descobertas de uma pesquisa recém publicada que afirma que, na Amazônia equatoriana, numa região em que a floresta se aproxima das primeiras encostas dos Andes, povos indígenas construíram uma densa rede de plataformas cerimoniais, estradas, canais e fortificações a partir de 2.500 anos atrás, comparáveis aos maias. A equipe internacional responsável pelo novo estudo afirma que nenhuma das muitas descobertas recentes chega a rivalizar com as descobertas no Equador em complexidade, extensão e antiguidade. De acordo com eles, a civilização que erigiu a rede de povoações na bacia do rio Upano seria comparável aos seus contemporâneos maias do México e da América Central. A diferença é que, em vez de pedra, os habitantes da selva equatoriana usavam principalmente terra batida para estruturar seus espaços monumentais. "Isso muda a maneira como vemos as culturas amazônicas. A maioria das pessoas imagina pequenos grupos, provavelmente nus, vivendo em cabanas e limpando a terra – isso mostra que as pessoas antigas viviam em complexas sociedades urbanas", diz Antoine Dorison, coautor da pesquisa. A equipe de arqueólogos combinou escavações tradicionais com o uso do Lidar, tendência cada vez mais crescente nas pesquisas na Amazônia. Restos vegetais encontrados nos sítios arqueológicos comprovam o consumo de uma ampla variedade de plantas domesticadas, entre as quais feijões, mandioca, batata-doce e milho. Os grãos de milho, aliás, têm marcas de mastigação que batem com as técnicas de produção de uma bebida fermentada que é feita até hoje, a chicha. As datações obtidas pela equipe indicam que a civilização do rio Upano se manteve até pelo menos o ano 600 d.C. do nosso calendário. Ainda não está claro o que pode tê-la levado à decadência, mas há uma hipótese: a área fica próxima a um vulcão, o que tornou o solo rico, mas que também pode ter levado à destruição da sociedade que um dia existiu no local. https://www.msn.com/pt-br/
https://www.bbc.com/
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